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Jornalista Glenn Greenwald, do The Intercept, é vegano e produz conteúdo contra a exploração animal - VEJA VÍDEO

Além do seu jornalismo corajoso que desafia governos, por meio do projeto jornalístico The Intercept, Gleen não consome animais e luta pela conscientização sobre os Direitos Animais produzindo conteúdo

O jornalista Gleen Greenwald ficou mundialmente famoso por ajudar Edward Snowden a vazar o escândalo dos programas secretos de vigilância global dos Estados Unidos, feitos pela Agência de Segurança Nacional, o que lhe deu diversos prêmios, entre eles um dos mais importantes prêmios do jornalismo mundial, o Pulitzer.

Agora Gleen está envolvido em um novo vazamento, desta vez um escândalo brasileiro, da articulação de Sergio Moro, juiz da Operação Lava Jato, com promotores para a prisão do ex-presidente Lula, algo considerado anti-ético no sistema de justiça.

Além do seu jornalismo corajoso que desafia governos, por meio do projeto jornalístico The Intercept, Gleen não consome animais e luta pela conscientização sobre os Direitos Animais produzindo conteúdo. Em outubro de 2017, lançou sua primeira reportagem sobre a agroindústria, expondo maus-tratos sofridos por porcos em uma fazenda americana.

Além de sustentar, junto com seu marido, um abrigo para cães abandonados no Brasil, recentemente, o jornalista lançou um projeto chamado Questões Animais (em português Animal Matters), em parceria com as ONGs Sentient Media e Mercy For Animals, onde discute questões sobre os animais.

Cada episódio tem aproximadamente 10 minutos e aborda uma questão relevante para os animais. Confira abaixo a série de vídeos do projeto:

Você pode perguntar às pessoas: “Por que você ama seu cão ou seu gato e se revolta com pessoas que abusam deles e quer vê-los na prisão, enquanto ao mesmo tempo acha perfeitamente normal e aceitável fazer as mesmas coisas com porcos, galinhas ou vacas? Qual a diferença moral? E a única resposta que você recebe é “Bem, é assim que as coisas são”, “É tradição”. Culturalmente é o mesmo argumento de 200 anos atrás quando, se você perguntasse à alguém por que uma branca era livre e uma pessoa negra era propriedade eles diriam que assim é a vida, que é como o mundo funciona. […] Se você quer manter um sistema de injustiça, bloquear a empatia é uma forma muito importante de fazer isso. Então, evidentemente, se as pessoas na época da escravidão tivessem empatia com os negros ao invés de aceitar o que eram ensinados, que era ver os negros como propriedade, teria sido quase impossível manter as crueldades que esse sistema causou.

Quando passei a me interessar por direitos animais em minha atividade como jornalista, alguns leitores trataram o assunto com sendo um salto radical para uma área totalmente nova sem relação com o trabalho que eu estava fazendo, cobrindo celebridades, imperialismo, o império, abuso de poder e sigilo. Em algum momento, eu pude trazer o argumento, sem muita dificuldade, na verdade, tão natural como se fosse uma extensão de todo o trabalho que eu tenho feito, todos os princípios que eu vinha trabalhando para defender ou expor eram os mesmos nessa área. E o mais importante para mim foi o conceito de como uma guerra funciona e como uma propaganda de guerra funciona, os Estados Unidos, por exemplo, é um país que está em guerra por 18 anos consecutivos e se você parar pra pensar no porquê a população pouco se importa com isso, até mesmo em eleições presidenciáveis quase nunca o assunto é discutido, obviamente, porque parte desse sacrifício é feito por um pequeno grupo de pessoas, as pessoas que estão no exército e seus familiares,

mas eu acho que, em grande parte, os horrores e maldades que estão sendo feitos em nosso nome são quase sempre e de nossa imaginação, nós nunca chegamos a ver os corpos mutilados de crianças que nossos drones e bombas matam, mantemos a violência e as atrocidades escondidas e, consequentemente, a população meio que cuida de sua própria vida e não tem que pensar a respeito. E eu acho que essa é a principal razão do fato de que as atrocidades indescritíveis das fazendas de exploração animal ficaram por tanto tempo sem serem notícia e agora finalmente começam a aparecer, por que as pessoas não podem mais fingir que não existem porque as evidências em vídeos estão aí. E quando você faz a conexão, sabe, os porcos que você vê chafurdando em situações terríveis, sofrendo a ponto de você sentir tanta empatia e amor pelo cabritinho bonitinho ou o porquinho fofinho daquele vídeo do YouTube que ganhou milhões de visualizações, é impossível não fazer aquela conexão, é por isso que a indústria pecuária é tão obcecada em manter as suas maldades escondidas.

Há algo mais profundo que é uma crença que foi enraizada em muita gente, que não é necessariamente uma crença consciente mas é algo que as pessoas vieram a aceitar talvez subliminarmente, que é a ideia de que, mesmo que você goste de animais, mesmo que você goste de cachorros, a vida animal é inerentemente menos valiosa do que a humana. E de fato, se você olhar para a natureza, parece que a vida animal existe primariamente parece, senão exclusivamente, para servir de meios para os fins do progresso humano. Que eles estão aqui para nos fornecer comida, para matarmos por prazer, que historicamente os seres humanos sobreviveram abatendo animais e se alimentando deles, e que ou a religião ou deus ou a ordem natural decretou isso que a vida animal tem menos valor ou não tem valor algum, comparada à vida humana, e acho que muita gente internalizou isso como uma concepção filosófica.

Glenn também já deu palestras falando sobre o tema, confira abaixo uma delas (em inglês):

Fonte: Vegpedia
Créditos: Vegpedia