DIPLOMACIA

Islândia anuncia boicote à Copa da Rússia 2018

País informou que seus líderes não estarão presentes no evento e disse que se solidariza com o Reino Unido por ataque contra ex-espião

O governo da Islândia anunciou agora há pouco que seus líderes não estarão presentes na Copa do Mundo de Futebol que acontece na Rússia entre os meses de junho e julho de 2018. A informação foi primeiro divulgada pela agência de notícias AFP no Twitter e é parte de um comunicado oficial assinado pelo governo do país.

“O governo da Islândia decidiu permanecer em solidariedade ao Reino Unido e outros países ocidentais e irá se juntar aos esforços coordenados de responder ao ataque químico em Salisbury. Esse ataque é uma violação grave de leis internacionais e ameaça a segurança e a paz na Europa”, diz o comunicado.

A decisão, esclarece a nota, é uma resposta solidária ao Reino Unido no caso do ataque químico contra o ex-espião Sergei Skripal, ocorrido em 4 de março na cidade britânica de Salisbury. Naquele dia, Skripal e sua filha foram encontrados agonizando em um banco de um parque por um policial, que também foi afetado. Todas as vítimas estão hospitalizadas em estado grave.

Além desse boicote diplomático, a Islândia informou que irá suspender qualquer conversa bilateral com a Rússia e cobrou explicações do governo de Vladimir Putin sobre o uso de armas químicas no episódio. O governo britânico acusa a Rússia de ser a responsável pelo ato em razão da substância usada, que seria de fabricação soviética.

Vale notar que a medida anunciada pelo governo islandês não se aplica aos jogadores da seleção nacional. Embora seja possível retirar a participação do torneio, a Fifa estipula diferentes penalidades e multas dependendo das razões por trás de tal desistência. De acordo com o regulamento da entidade, uma dessas punições pode até ser a expulsão definitiva da equipe de eventos futuros.

Relembre o caso

As tensões diplomáticas entre Reino Unido e Rússia atingiram níveis alarmantes há poucas semanas em razão desse ataque. Na ocasião, a primeira-ministra britânica, Theresa May, anunciou a expulsão de oficiais russos de solo britânico e a Rússia retaliou na mesma proporção.

Nesta segunda-feira, foi a vez de a comunidade internacional se posicionar junto aos britânicos. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o Canadá e ao menos 14 países europeus anunciaram a expulsão de diplomatas, em um movimento que foi chamado de “gesto provocador” pela Rússia, que prometeu reação.

Quem é Sergei Skripal

Nascido em 23 de junho de 1951, Skripal trabalhou até 1999 no serviço de inteligência do exército russo e chegou a coronel. De 1999 a 2003, trabalhou no Ministério das Relações Exteriores do país.

Em 2004, foi detido e acusado de “alta traição” por ter repassado informações sobre as identidades de agentes secretos russos que trabalhavam na Europa para o serviço de inteligência britânico, o MI-6, em troca de US$ 100 mil. Conflitos diplomáticos: Países da União Europeia expulsam diplomatas da Rússia.

Condenado a 13 anos de prisão, ele ficou preso até 2010. Depois de receber perdão do então presidente Dmitri Medvedev, foi incluído no que é considerada a maior troca de espiões desde o fim da Guerra Fria e vivia na Inglaterra desde então.

Fonte: Portal Exame
Créditos: Portal Exame