Um ano de terror

Há 1 ano atrás, OMS emitia primeiro alerta de uma "misteriosa pneumonia" em Wuhan - Veja cronologia do avanço da pandemia

No dia 31 de dezembro de 2019, a Organização Mundial de Saúde (OMS) tomava conhecimento, pela primeira vez, da pandemia que assolou o planeta

No dia 31 de dezembro de 2019, a Organização Mundial de Saúde (OMS) tomava conhecimento, pela primeira vez, da pandemia que assolou o planeta. Há exatamente um ano, a OMS emitiu o primeiro alerta da doença, depois que autoridades chinesas notificaram casos de uma “misteriosa pneumonia” na cidade de Wuhan. Foram então, adotadas medidas como isolamento de pacientes e realização de exames para identificar a origem da doença.

A misteriosa pneumonia era consequência da Covid-19. Um ano depois, a doença já fez 82 milhões, 745 mil e 324 vítimas. Dessas, quase 2 milhões de pessoas já perderam a vida, foram 1 milhão, 805 mil e 521 pessoas que não resistiram a doença.

A pandemia paralisou o mundo e registrou cenas chocantes, que remetiam a guerras, como os caminhões do exército italiano lotados de caixões nas ruas do país.

No Brasil, segundo país mais afetado pela pandemia, a forma de condução foi baseada no negacionismo do presidente Jair Bolsonaro. A “misteriosa pneumonia” era apenas uma “gripezinha” para o chefe do Executivo. Enquanto o vírus foi ignorado e desprezado, 7 milhões, 619 mil e 200 pessoas se assustaram com o diagnóstico positivo de um membro para a Covid-19. Dessas, 193 mil e 875 perderam a vida no país, segundo os números divulgados até ontem (30) pelo Ministério da Saúde.

Cronologia da expansão do novo coronavírus descoberto na China

No fim de ano, as retrospectivas tomam conta do noticiário. Um ano depois do primeiro alerta para a pandemia do novo coronavírus, ainda sem dimensão do que se tratava, nós relembramos a cronologia da expansão da doença.

Primeiro alerta — 31 de dezembro

Identificada a origem das infecções – início de janeiro:

Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla original) identifica um grande mercado de frutos do mar na megalópole de Wuhan como a origem das infecções. O mercado foi fechado para limpeza e desinfecção.

Wuhan, no Centro da China, tem uma população de 11 milhões de pessoas. “Basicamente, não vá a Wuhan. E quem estiver em Wuhan não deixe a cidade”, declarou o diretor da Comissão Nacional de Saúde da China, Li Bin.

OMS diz que se trata de coronavírus – 9 janeiro:

O resultado das primeiras análises da sequência do vírus realizadas por equipes chinesas foi anunciado no dia 9 de janeiro, pela OMS.

Elas comprovaram que os casos de pneumonia se devem a um novo coronavírus, um tipo semelhante ao da Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars), que infectou mais de 8 mil pessoas e provocou 775 mortes em 2003. Depois, veio a confirmação do terrível Sars-Cov-2.

Primeira morte – 9 de janeiro:

Um chinês de 61 anos foi a primeira vítima do coronavírus. O paciente foi hospitalizado com dificuldades de respiração e pneumonia grave, e morreu após uma parada cardíaca, no dia 9 de janeiro. Naquele momento, 41 pessoas já haviam se infectado.

Relato da primeira morte fora da China – 13 de janeiro:

Em 13 de janeiro, a OMS informou o caso de uma pessoa infectada na Tailândia: uma mulher com pneumonia leve que regressava de uma viagem a Wuhan.

Vírus se espalha – segunda semana de janeiro:

Desde o dia 13, surgiram informações sobre casos no Japão, Coreia do Sul, Tailândia e Taiwan. Um caso suspeito de coronavírus era investigado também no México, que depois veio a se confirmar.

Coronavírus chega aos EUA – 15 de janeiro:

O coronavírus chegou aos Estados Unidos no dia 15 de janeiro, quando um viajante da China foi diagnosticado após desembarcar em Seattle, no estado de Washington.

Inspeção em aeroportos – 17 de janeiro:

Em 17 de janeiro, os Estados Unidos anunciam procedimentos de detecção do vírus em três importantes aeroportos do país, incluindo um em Nova York.

Além dos EUA, aeroportos na Turquia, na Rússia e na Austrália passaram a utilizar monitores infravermelhos para identificar possíveis casos da doença. O aeroporto de Heathrow, em Londres, separou um terminal só para os viajantes que chegam de regiões já afetadas pelo vírus.

Transmissão humana é comprovada – 20 de janeiro:

A transmissão de pessoa para pessoa foi “provada”, admitiu o cientista chinês Zhong Nanshan à rede estatal CCTV.

Anúncio de que vírus pode sofrer mutação – 22 de janeiro:

No dia 22 de janeiro, o vice-ministro da Comissão Nacional de Saúde da China, Li Bin, anunciou que o vírus, transmitido através das vias respiratórias, “poderá sofrer mutação e se propagar mais facilmente”.

O Sars-Cov-2, de fato, sofreu mutações. Agora em dezembro, uma delas voltou a assustar o planeta. Uma nova cepa identificada no Reino Unido endureceu as medidas restritivas e fez os países fecharem as fronteiras com o RU novamente.

Cidades em quarentena – 23 de janeiro

Ao menos três localidades suspenderam a circulação do transporte público, uma medida para tentar evitar que o vírus se espalhe. Todas na província de Hubei.

Wuhan – considerada o epicentro da transmissão do vírus – foi a primeira localidade a adotar a medida, nesta quarta-feira (22). Nesta quinta (23), outras duas cidades vizinhas a Wuahan – Huanggang e Ezhou – seguiram a mesma recomendação e também suspenderam a circulação de trens.

Coronavírus desembarca no Brasil – 27 de fevereiro:

As autoridades sabiam que o desembarque do vírus ao Brasil era uma questão de tempo e a confirmação veio com a chegada de um homem de 61 anos que contraiu a doença em uma viagem à Itália. Outros 20 brasileiros são suspeitos de terem pego o novo vírus, dos quais 12 também passaram pela Itália.

O brasileiro infectado pelo novo coronavírus mora em São Paulo e viajou para o norte da Itália entre 9 e 21 de fevereiro. Durante a viagem, ele esteve, a trabalho, nas cidades de Verona e Turim, uma das regiões mais afetadas pela epidemia na Europa. Na chegada a São Paulo, ele se reuniu com cerca de 30 parentes na casa de um dos filhos no domingo 23 para uma confraternização no Carnaval.

Em estado de atenção, o Brasil pedia à OMS que declarasse a existência de uma pandemia, quando uma doença alastra-se pelo mundo.

Primeira morte por Covid-19 no Brasil – 12 de março:

A vítima foi uma paciente de 57 anos, em São Paulo. Ela foi internada no Hospital Municipal Doutor Carmino Cariccio, na Zona Leste da cidade, um dia antes.

Governo da Paraíba divulga medidas restritivas para conter avanço da Covid-19 – 17 de março:

Um decreto do Governo da PB adotava medidas temporárias e emergenciais de prevenção de contágio, assim como recomendações aos municípios e ao setor privado estadual. Entre outras medidas: recesso escolar, permanência das pessoas em casa, cancelamento de eventos, servidores públicos ficam em casa em dias alternados, vacinação contra influenza em instituições de longa permanência.

Primeiro caso da doença na Paraíba – 18 de março:

O caso foi registrado em João Pessoa e o paciente era um idoso de 60 anos, com histórico de viagem à Europa. Ele retornou ao Brasil no dia 29 de fevereiro.

O período entre a suspeita e a confirmação do primeiro caso positivo na Paraíba foi de 16 dias, o paciente procurou médico no dia 2 de março, entrou para lista de casos suspeitos do novo coronavírus e resultado do exame saiu no dia 18.

Primeira morte pela Covid-19 na Paraíba – 31 de março:

O paciente que morreu foi um homem de 36 anos, que morava em Patos, no Sertão do estado, e estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Clementino Fraga, em João Pessoa, após transferência hospitalar. Ele teve o diagnóstico confirmado na tarde da segunda-feira (30) e tinha histórico de diabetes.

Primeiros estados decretam lockdown – 30 de abril:

O Maranhão foi o primeiro Estado a decretar a medida no Brasil, no dia 30 de abril por força de uma decisão da Justiça Federal de São Luís.

No dia 9 de maio, o lockdown já havia sido adotado nos estados do Maranhão, Pará e Amapá e em cidades dos estados do Amazonas, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte. A medida era discutida para aplicação em três grandes focos da doença no País: São Paulo, Rio de Janeiro e Manaus.

O mundo volta a abrir as fronteiras – Junho:

Após 3 meses de lockdown e medidas de restrição rígidas, o mundo tentava voltar ao normal. Na Europa, nos EUA e no Brasil, os governantes começavam a autorizar a saída de casa para atividades não essenciais, reabertura de bares e restaurantes, shopping e volta de atividades de lazer. A recomendação era ainda de prevenção rígida, com uso de máscaras e distanciamento social.

Não durou muito no Brasil, alguns dias depois já eram registradas aglomerações e desrespeito as medidas adotadas.

Chegamos em dezembro em meio a uma segunda onda, agravada pela irresponsabilidade, inclusive dos governantes, durante as eleições. Praias, bares e restaurantes lotados e o país voltando a ter números assustadores que remetem ao pico da doença, entre março e abril.

Um ano após o primeiro alerta da doença, ainda como uma “misteriosa pneumonia”, o Brasil parece não ter aprendido com os 365 dias dignos de um filme de terror e registrou 1.194 mortes diárias pela doença.

Enquanto o mundo coloca “Pfizer” entre as palavras favoritas em seu dicionário, o governo brasileiro faz da imunização uma briga política e negacionista. Incapaz até de comprar seringas suficientes para imunizar a população.

No entanto, a esperança fica por conta da vacina, seja Pfizer, Oxford/AstraZeneca, Coronavac, Moderna, Sputnik V, o que os brasileiros que não suportam mais os dias de terror provocados pela pandemia esperam, é poder voltar a abraçar quem se ama.

*Com informações do G1, UOL e Samuel de Brito

Fonte: Samuel de Brito
Créditos: Samuel de Brito/Polêmica Paraíba