Perigo na profissão

Assassinato de jornalistas dobram em 2020, aponta ONG; foram mais de 20 casos

O número de jornalistas mortos como retaliação por seu trabalho dobrou em 2020 se comparado a 2019. Os dados são do Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), divulgados nesta terça-feira (22).

Desde janeiro deste ano, 21 jornalistas foram assassinados por sua atuação profissional, enquanto que em 2019, foram 10 assassinatos desse tipo. Nenhuma das mortes aconteceu no Brasil.

Uma semana atrás, o CPJ divulgou um número recorde: em 2020, 274 profissionais foram presos enquanto os governos reprimiam a cobertura da pandemia do novo coronavírus ou tentavam suprimir relatos de conflitos civis.

“O fato de que os assassinatos estão aumentando e que o número de jornalistas presos atingiu um recorde este ano é uma demonstração clara de que a liberdade de imprensa está sob ataque sem precedentes em meio a uma pandemia”, afirmou o diretor executivo do CPJ, Joel Simon.

Simon fez um apelo para que entidades e governos trabalhem em conjunto para reverter essa tendência. “É espantoso que os assassinatos de jornalistas tenham mais do que dobrado no ano passado e essa escalada representa o insucesso da comunidade internacional em enfrentar o flagelo da impunidade”, disse.

O México e Afeganistão foram os países que apresentaram mais casos de assassinatos de jornalistas em resposta ao seu trabalho. Foram mortos quatro repórteres em cada um dos dois países neste ano. Atrás deles aparece as Filipinas, com três.

O CPJ aponta o México como o país ocidental mais perigoso para a imprensa. Dois dos jornalistas assassinatos no país em 2020 estavam inscritos no Mecanismo Federal para a Proteção de Defensores dos Direitos Humanos e Jornalistas, segundo o comitê.

O levantamento registrou também um caso de assassinato público de um jornalista por um governo. O caso aconteceu no Irã, no último dia 12. O repórter Ruhollah Zam foi executado por ter publicado textos críticos ao governo e divulgado locais e horários de protestos contra o regime iraniano.

Além de jornalistas, ao menos um trabalhador de mídia foi assassinado: o motorista da Rádio e TV Enikass, Mohammad Tahir, morto com a jornalista Malalai Maiwand, no Afeganistão.

Devido à pandemia, que gerou restrições de viagem impostas por parte dos países mundo afora, o número de jornalistas mortos em meio a combates ou fogo cruzado registrou o menor nível desde 2000. Até 15 de dezembro foram registrados três casos de repórteres mortos nessa situação, todos na Síria. Segundo o CPJ, eles foram supostamente atingidos por ataques aéreos russos.

Outros seis jornalistas morreram enquanto trabalhavam em missões consideradas perigosas. Duas delas ocorreram no Iraque. No total, 30 profissionais morreram neste ano no exercício da profissão.

O CPJ ainda investiga os assassinatos de outros 15 jornalistas em todo o mundo para identificar se elas foram motivadas por sua atuação profissional.

Quantidade de jornalistas mortos em 2020 por país: Afeganistão (4); México (4); Filipinas (3); Honduras (2); Índia (2); Bangladesh (1); Iêmen (1); Irã (1); Paraguai (1); Síria (1); e Somália (1).

Fonte: Polêmica Paraíba com Folha de S. Paulo
Créditos: Polêmica Paraíba com Folha de S. Paulo