Retorno à Colina

Vasco mira volta de Luxemburgo, após recusa de Zé Ricardo; nome divide opiniões

Treinador admite a pessoas próximas que, pelos laços construídos, o desafio de tirar o time do Z-4 o estimula

Depois da recusa de Zé Ricardo na quarta-feira, Vanderlei Luxemburgo voltou à pauta do Vasco. E o nome do treinador, como sempre aconteceu por onde passou, divide opiniões. O “dilema Luxa” se resume no seguinte: o trabalho que livrou o clube do rebaixamento em 2019 é reconhecido até hoje por dirigentes e torcedores, mas a saída para o Palmeiras deixou rusgas.

Resolvido financeiramente e recém-curado da Covid-19, Vanderlei não tem pressa para voltar ao futebol, mas, usando vocabulário típico do treinador, a possibilidade de tirar o Vasco da “zona da confusão” o faz “piscar” de motivação. Durante a passagem entre maio e dezembro de 2019, caiu nas graças da torcida e criou laços com o clube.

A pessoas próximas, Luxemburgo trata eventual convite como uma convocação por acreditar que a atual situação do Vasco na tabela do Brasileirão não condiz com o tamanho do clube nem com os jogadores disponíveis no elenco.

“O time é grande pra c…!”

O próximo diretor executivo do Vasco, Alexandre Pássaro, é quem irá tratar com Luxa. Como estava envolvido na semifinal da Copa do Brasil em seu último jogo como dirigente do São Paulo, disputado na quarta-feira, Pássaro só entra no circuito a partir do momento em que definir sua situação com o Tricolor Paulista.

Pássaro, aliás, foi quem conduziu as últimas rodadas das conversas com Zé Ricardo, que optou por não voltar à Colina. O novo dirigente chega ao Rio na próxima semana, mas já iniciou contatos pelo novo clube.

Resistência em São Januário

Apesar do trabalho de recuperação que tirou o Vasco do rebaixamento em 2019, a saída de Vanderlei Luxemburgo deixou arranhões na relação com o clube. O presidente Alexandre Campello, por exemplo, é um dos que não digeriram bem a forma como o treinador deixou o clube.

Dentro de São Januário, dirigentes lembram que a condução da ida para o Palmeiras, acertada em dezembro de 2019, não foi a ideal e que faltou comunicação.

Com a torcida, a relação foi excelente. O treinador tinha seu nome gritado a cada jogo em São Januário. Quando Luxemburgo assumiu o Vasco, no início do Brasileiro de 2019, o time ocupava a lanterna da competição, com apenas um ponto em quatro jogos. Sob o comando do técnico, a equipe terminou o torneio em 12º lugar, com 49 pontos, e garantiu vaga na Copa Sul-Americana deste ano.

Apesar de dívida milionária, relação não tem litígio

Diferentemente de muitos profissionais que deixaram a Colina sem receber, Vanderlei Luxemburgo não processou o Vasco pelos atrasos. Foi para o Palmeiras com os salários de setembro, outubro, novembro e dezembro em aberto, além do 13º e do FGTS.

Num acordo costurado por seu empresário, Márcio Carmo, Luxa entrou num pool de credores, grupo que recebe pequenos percentuais de recursos que entram no clube.

O débito do Vasco com Vanderlei é superior a R$ 1 milhão e contempla um investimento feito pelo treinador em 2019. Quando o Vasco estava para perder o Playertek, dispositivo rastreador com GPS que coleta dados dos jogadores, por falta de pagamento, Luxemburgo pagou do próprio bolso para não ficar sem dados importantes dos atletas.

Carinho da torcida não falta. Na última terça-feira, quando postou vídeo comemorando a vitória sobre a Covid-19, afirmou que àquela altura ainda não tinha recebido convite do Vasco. Tal declaração foi seguida de uma chuva de pedidos dos vascaínos.

Fonte: Fred Gomes/GE
Créditos: Polêmica Paraíba