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Secretário de Saúde cita Eurocopa e variante Delta para não liberar público nos estádios

"Não temos ainda uma imunidade coletiva de 70% dos cidadãos e das cidadãs vacinadas com a primeira e segunda dose, além disso, as aglomerações nos estádios são incontroláveis, não há como você fazer um protocolo e separação entre as pessoas. Elas gritam, falam alto, todos os meios de propagação do vírus"

Apesar do péssimo exemplo programado para amanhã, na partida entre Flamengo e Defensa Y Justicia, pela Libertadores, que contará com a presença de público em Brasília, da Eurocopa e outras experiências mundo afora, os torcedores da Paraíba deverão precisar aguardar um pouco mais para poderem retornar aos estádios devido a pandemia da Covid-19.

A expectativa do prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, é de liberar o público nas praças esportivas a partir do decreto do próximo dia 30 de julho, caso os números de contaminação e mortes continuem a cair, assim como a ocupação dos leitos hospitalares, o que gerou movimento dos clubes de Campina Grande também para solicitar o mesmo na Rainha da Borborema. Entretanto, o Secretário da Saúde do governo do estado, Geraldo Medeiros, deve ser um entrave para que essa questão avance.

Em entrevista à repórter Ana Flávia Nóbrega, do Jornal A União, ele justificou a decisão com exemplos práticos ocorridos em outros países, que tiveram aumento no número de casos após tomarem medidas para colocar de volta os adeptos próximos aos seus clubes. Além disso, a baixa porcentagem de imunização da população, que está em cerca de 16% com as duas doses ou dose única da Janssen tomadas, e a variante Delta, que começa a circular pelo país, e já encontrada no vizinho estado de Pernambuco, obrigam que ações mais comedidas sejam tomadas.

– Não temos ainda uma imunidade coletiva de 70% dos cidadãos e das cidadãs vacinadas com a primeira e segunda dose, além disso, as aglomerações nos estádios são incontroláveis, não há como você fazer um protocolo e separação entre as pessoas. Elas gritam, falam alto, todos os meios de propagação do vírus. E há a presença iminente da variante Delta em breve também aqui no estado, que produz uma alta propagação do vírus. Então, se houver liberação geral vai ocorrer a mesma coisa que está ocorrendo hoje com o Reino Unido, em cinquenta estados dos Estados Unidos, com Israel e no Chile. Nós temos que ter restrições limitadas, principalmente que ocupação dos leitos de UTI adulto alcançaram níveis baixos. Então, todos esses fatores somados requerem uma cautela neste momento, porque se houver uma atitude emocional, de euforia, nós teremos um crescimento do número de casos dentro do estado – justificou.

Em debates e redes sociais, dirigentes de clubes da Paraíba e do Brasil criticam o que, segundo eles, é uma falta de critério em liberar pessoas em bares, restaurantes, circos, cinemas, e seguir com as proibições dentro dos estádios de futebol, que são locais abertos e espaçosos.

Entretanto, Geraldo Medeiros voltou a ressaltar que o comportamento das pessoas fica aflorado de acordo com a disputa dentro das quatro linhas, o que causa a impossibilidade de haver garantias de que determinações para evitar a disseminação do novo Coronavírus sejam obedecidas.

– O cenário de propagação no estádio de futebol é totalmente diferente de um teatro, cinema, bar e restaurante. As pessoas adotam atitudes de euforia, de gritos, falam alto, aglomerações tanto na entrada como na saída. Distanciamento físico, ele inexiste em estádios, não há como controlar substancialmente isso, então são essas justificativas que fazem conter, que neste momento não seja recomendado abertura de jogos presenciais com público. Isso nós vamos ver os resultados da disputa da Eurocopa no estádio Wembley. Vocês verão a Inglaterra hoje apresentou, nas últimas 24 horas cerca de cinquenta mil contaminados – disse.

Algumas medidas que representantes de algumas entidades defendem é que seja permitida a presença do público que, por exemplo, apresente resultado do exame para Covid-19 negativo e/ou o cartão de vacinação com o esquema vacinal completo.

Na final da Copa América, realizada no Maracanã, foi liberada a capacidade do estádio para cerca de 10 mil convidados, que precisaram apresentar os testes. Entretanto, foi comprovado pela própria CONMBEBOL, organizadora do evento, que resultados falsos foram apresentados para garantir a entrada no local do jogo.

– Mesmo com exigência de comprovante de vacinação com a primeira dose e teste RT-PCR negativo, foi o que ocorreu no estádio de Wembley na final da Eurocopa, isso não impede a propagação dos vírus, diminui apenas. É prudente que nós não adotemos atitudes que foram adotadas nos Estados Unidos, Chile, Israel, Reino Unido, porque aí nós devemos ter a volta de mortes e casos novos numa intensidade grande, principalmente com essa variante Delta, que tem poder 100% maior de propagação – explicou.

Fonte: Voz da Torcida
Créditos: Voz da Torcida