pandemia da covid-19

SHOWS DRIVE-IN: Dinamarca, Noruega e Alemanha fazem eventos com fãs em carros

Prática comum no passado vira alternativa para driblar aglomeração de pessoas

Para driblar as aglomerações de pessoas – e as restrições impostas por governos para combater o novo coronavírus-, produtores culturais têm recorrido a uma prática antiga: os drive-ins (eventos para se aproveitar dentro dos carros).

Na Noruega, a banda de hip hop Klovner I Kamp fez show para um público dentro de carros com uma vaga de estacionamento de distância. A estrutura do palco, com luzes e fumaça, lembrava a de grandes concertos para multidões dançantes, como eles costumavam fazer.

Na Dinamarca, o cantor e compositor de pop-rock Mads Langer fez uma versão mais compacta, comandando violão e teclado sozinho no palco para carros igualmente organizados com um espaço entre eles em todas as direções.

Depois dos shows, o movimento inspirou DJs de música eletrônica. Na Alemanha, uma casa noturna fez três edições de raves drive-in e teve os ingressos esgotados para todas.

Os eventos na Escandinávia ocorreram no fim de abril. E as raves na Alemanha, no começo de maio. Se seguirem a mesma linha, é provável que aconteçam outros eventos semelhantes pelo continente durante os meses de maio e junho.

Eles podem ajudar a amenizar os prejuízos de artistas e casas de shows durante a pandemia de coronavírus, mas servem apenas para abrigar eventos de pequeno e médio porte.

No Brasil, quem já busca essa alternativa são os cinemas. Em Brasília, o cine drive-in aproveitou um decreto do governo distrital que liberava seu funcionamento no dia 24 de abril para reabrir as portas no último final de semana.

O decreto proíbe apenas a venda de comida dentro do local. E é o único do Brasil a funcionar durante esse período.
No litoral de São Paulo, uma rede de cinemas e um shopping de Praia de Grande se unem para abrir um drive-in improvisado no estacionamento do estabelecimento. O governo de São Paulo não tem uma lei que aborde os drive-ins. Outros cinemas do estilo no estado estão parados.

O que dizem os médicos?

O G1 ouviu três médicos epidemiologistas para entender se a reunião de tantas pessoas, mesmo dentro de carros, pode causar a transmissão do vírus.

A resposta não é tão simples e nem consensual. Os especialistas defendem que apenas pessoas que dividam a mesma casa podem estar no mesmo carro. Não é recomendável abrigar amigos, conhecidos ou parentes que não morem na mesma casa.

Estar dentro do carro também não anula os cuidados básicos para a prevenção do coronavírus: uso de máscara e higienização das mãos com álcool gel.

Para Leonardo Weissmann, médico consultor da Sociedade Brasileira de Epidemiologia, drive-ins não são indicados para os países que têm registrado aumento nos casos de Covid–19, doença causada pelo novo coronavírus.

O Brasil, que registrou o recorde de 600 mortes em um dia nesta terça (5), é um deles, segundo o médico. Mas mesmo em países com poucos casos, ou que já tenham passado pelo pico de contágio, ainda é recomendado o distanciamento social, defende.

É muito difícil que o vírus passe pelo ar de um carro para outro, diz Oliver Nascimento, médico e professor da disciplina de pneumologia da escola paulista de medicina da Universidade Federal de São Paulo. “Mas dentro do carro, a distância mínima não é cumprida. Se uma pessoa estiver fora do carro, vendendo comida ou oferecendo outros serviços, já oferece risco”, ele diz.

André Ribas, epidemiologista da Faculdade São Leopoldo Mandic, diz que não vê problemas neste tipo de evento. “Se os carros mantiverem um espaço pequeno do vidro aberto, para que haja circulação de ar, as eventuais partículas de aerossol não conseguem entrar.”

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Fonte: G1
Créditos: G1