quadrinhos

Revolução de 1817: romance ganha adaptações em quadrinhos

Livro de Paulo Santos de Oliveira foi reimaginado por artistas pernambucanos

Fatos históricos são frequentemente transpostos ou reimaginados na ficção, e a insurreição pernambucana de 1817 inspirou o romance A noiva da revolução, do jornalista Paulo Santos de Oliveira. Dez anos após o lançamento, a obra retorna às livrarias em nova linguagem, a dos quadrinhos.

O livro vai ganhar, nos próximos meses, duas versões em HQ, uma com estilo mais clássico, no lápis do ilustrador Pedro Zenival Ramos e nas cores de Alex Dantas, outra em traços mais modernos, por Thony Silas. A primeira, a ser publicada pela Companhia Editora de Pernambuco (Cepe), tem roteiro do próprio Paulo Santos e vai se chamar 1817, amor & revolução.

A noiva da revolução é escrito na forma de diário narrado pelo líder do movimento, Domingos Martins, e a esposa, Maria Teodora da Costa. Antes de o casamento ser oficializado, o casal enfrentou barreiras à união, por conta do preconceito da família dela, de origem portuguesa, em relação aos nativos brasileiros, como era o caso dele. Como diz o autor, é “um romance com fidelidade aos fatos”.

Santos, que é também cartunista e já desenhou histórias em quadrinhos curtas para jornais e revistas, diz não ter sentido dificuldades para adaptar as 400 páginas do romance à narrativa em requadros e balões, que ficou com cerca de cem páginas. O lançamento ainda não tem data definida, mas está previsto para os próximos meses, ainda no ano do bicentenário.

Já a segunda empreitada quadrinística, A noiva, vai condensar menos o material original, já que terá oito volumes, cada um com entre 24 e 28 páginas. A primeira edição terá pré-lançamento amanhã, às 18h30, em evento para convidados no Forte das Cinco Pontas. A apresentação ao público será entre 13 e 16 de abril, no Centro de Convenções de Pernambuco, na Comic Con Experience Tour Nordeste, edição regional do maior evento do país dedicado às HQs e à cultura geek.

“Como ilustrador mais situado no mercado internacional, o desejo imediato foi de adaptar o romance com visão pop”, diz o ilustrador Thony Silas, que enxergou no livro de Paulo Santos o potencial para versão em graphic novel, que inaugura o selo autoral Ueon Productions, dedicado a projetos multimídia. O artista, colaborador da editora norte-americana Marvel, já trabalhou em títulos de personagens como Homem-Aranha, Demolidor e Batman (DC), e carrega para a HQ histórica o estilo dinâmico das revistas de heróis.

Há também uma pitada de quadrinho europeu nas ilustrações de Silas para o álbum. E não é por acaso: a obra será lançada no exterior, no mercado franco-belga e provavelmente em território norte-americano. Silas considera que, a despeito do caráter regional dos acontecimentos de 1817, a trama é universal.

“É, sem dúvida, o trabalho do qual me sinto mais honrado. E como ilustrador pernambucano, é de perder as palavras. Me sinto emocionado”, diz. A série, com previsão de lançamentos mensais a partir de maio não é adaptação literal do livro de Paulo Santos, mas obra livremente inspirada, com roteiro de Eron Villar.

“É versão com olhar mais poético, romântico, com poesias e poemas”, ressalta Silas. A dupla criativa por trás da HQ planeja desenvolver outros títulos com narrativas épicas que irão se conectar com a trama de A noiva. A proposta, explicam os autores, é estabelecer uma coletânea de narrativas que integrem Pernambuco ao contexto global.

Frei Caneca

Figura de extrema importância na Revolução de 1817, Frei Caneca teve parte da trajetória retratada em quadrinhos, em A morte e a morte de Frei Caneca. A HQ, lançada em 2013, teve roteiro do historiador Rodrigo Acioli e a colaboração de nove ilustradores independentes locais. Inspirado em fatos reais mas com passagens ficcionais, o título abarca os principais acontecimentos do período da insurreição, o estabelecimento da primeira junta governativa eleita em Pernambuco, no ano de 1821, e a execução do líder revolucionário, em 1825.

Fonte: Diário de Pernambuco
Créditos: Breno Pessoa