rap em quadrinhos

'Perifa Geek': rappers brasileiros viram super-heróis em quadrinhos

Desenhos trazem Mano Brown de Pantera Negra, Criolo como Senhor Destino e Negra Li de Tempestade, entre outros. Grajaú virou cenário para HQ

Mano Brown de Pantera Negra, Emicida de Homem-Aranha, Criolo como Senhor Destino, Rashid de Punho de Ferro e Negra Li, de Tempestade (X-Men): o editor de vídeos Gil ‘Load’ Santos, de Guaianases, na Zona Leste de São Paulo, e o ilustrador Wagner ‘Loud’ Ramari, de Pirituba, na Zona Oeste, criaram o projeto “Rap em quadrinhos”, que ilustra em capas de gibis os rappers brasileiros como heróis, como mostra a série de reportagens ‘Perifa Geek’, do SP1.

A ideia do projeto era, inicialmente, apenas juntar um cantor de rap e um personagem para criar as imagens. Com o tempo, a proposta passou a ser de representatividade para quem curte os dois temas.

Cenas da periferia viram história em quadrinhos

“Quando a galera começou a falar com a gente e a gente receber mensagens de ‘pô, que legal, meu filho viu o Brown de Pantera Negra e ficou feliz”, disse o ilustrador Wagner Ramari. “Moleque de 7 anos gosta de racionais e gostou do filme do Pantera.”

O rapper Rashid foi um dos escolhidos para ser representado como herói. Ilustrado como o Punho de Ferro, da Marvel. “Fiquei muito honrado de me ver desenhado, tá ligado? Acho que a gente que curte esse tipo de coisa sempre fica nessa curiosidade”, conta Rashid.

Mais de 40 artistas já foram representados no projeto, que existe desde 2018 e já foi exposto em vários espaços culturais da cidade.

Quadrinhos da periferia

Na ponta sul de São Paulo, outros dois jovens criaram uma história em quadrinho que se passa no Grajaú. A proposta do educador de biologia Lucas Andrade e do publicitário Diego Torres foi de criar uma história mitológica e fantasiosa com a periferia de cenário.

O quadrinho Kauira Dorme conta a história de uma semideusa indígena que encarna em uma jovem comum e precisa descobrir a sua vocação. “O desafio da protagonista é encontrar seu dom num cenário de dificuldades. A periferia não te diz qual a sua vocação não, você só é levado a um sistema pra continuar aquela sobrevivência. A periferia é um lugar de sobrevivência”, explica Diego.

Entre os cenários explorados estão o Terminal Grajaú, a Escola Estadual Escola Estadual Professor José Vieira de Moraes, além de ruas e movimentos culturais da periferia de São Paulo. Todos os espaços e figuras fizeram, de alguma forma, parte da vida dos criadores.

A ideia surgiu da falta de referências da periferia em obras de ficção e quadrinhos, mas também do sonho dos jovens de criar um projeto autoral.

“Meu sonho era ser biólogo e ilustrador. E ai num ambiente onde a gente precisava trabalhar logo cedo, sabe? A gente falava meu, que momento eu vou começar a correr atrás do sonho de verdade”, Lucas Andrade, educador de biologia.

Uma leva de versões impressas foi lançada na 1ª Edição do PerifaCon e agora os organizadores levantam um financiamento coletivo para impressão de mais unidades.

Fonte: G1
Créditos: G1