
Melhores do Ano (2)
Na Literatura – Apesar de contar apenas um ano de existência em novembro passado, nenhum ente público ou privado movimentou mais o meio literário da Paraíba em 2014 que o Grupo Sol das Letras. Movimentou promovendo e divulgando a literatura paraibana e seus novos autores. Movimentou abrindo oportunidades para novas publicações em editoras locais e nacionais. Movimentou com o Por do Sol das Letras, eventos realizados na Capital e em Campina Grande, onde membros do grupo e convidados especiais reuniram-se pelo menos uma vez por mês para lançar livros e debater tudo o que interessa à literatura e à produção literária, da impressão à divulgação, da comercialização e circulação à proteção dos direitos autorais. Com apoio da Academia Paraibana de Letras (APL), o Sol das Letras deve seu surgimento, crescimento e consolidação aos escritores Marcus Alves, Ana Paula Ramalho, Helder Moura, Juca Pontes e Gilvan Freire, entre outros.
Pela paz – Coordenador na Paraíba do MovPaz (Movimento Internacional pela Paz e Não-Violência), Almir Laureano deu continuidade e intensificou a sua quase solitária luta em defesa do desarmamento em nosso Estado e em todo o país. Também Coordenador Nacional da Rede Desarma Brasil, ele exerceu ainda durante o ano a Vice-Presidência do Conselho Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça. Neste dezembro que se finda, participou ativamente da bem sucedida reação às manobras da Bancada da Bala para revogar o Estatuto do Desarmamento. Ele e outros militantes das melhores causas humanas conseguiram impedir reunião de comissão especial de deputados federais disposta a aprovar projeto de lei que derruba o controle da produção e venda de armas e munições no Brasil. Como aquela reunião, marcada para o dia 17 deste mês, seria a última possível este ano, os armamentistas terão que se rearticular e tentar na próxima legislatura. Mas aí enfrentarão, novamente, a força e a capacidade de mobilização de pacifistas com a liderança e credibilidade de um Almir Laureano.
No Cinema – O FestAruanda cravou mais um ponto importante como referência no circuito nacional de festivais de cinema. Realizado este mês, em João Pessoa, conferiu também ao seu criador e coordenador, o Professor Lúcio Villar, inclusão automática entre os Melhores do Ano. Nesta última edição, destaque para o documentário ‘Jaguaribe, o rio das onças’, de Marcus Villar. Traz a trajetória da degradação do rio mais urbano que uma cidade poderia ter, tem e dele não cuida. Ao contrário, conforme mostra muito bem a obra villariana, as agressões e ameaças de extinção total do rio começam na nascente e se espalham por todo o curso até a foz na praia. Os responsáveis são muitos e variados: vão desde a omissão do poder público à ganância empresarial, passando pela falta de educação e de uma cultura de preservação da população ribeirinha e dos donos de empreendimentos industriais, comerciais e imobiliários que ocupam as margens do rio. São eles que enchem o Jaguaribe de esgotos e lixo o tempo todo em todas as partes de sua extensão, do Esplanada onde nasce ao Bessa onde morre ou termina, sujo, moribundo.
Na Música – O II Festival Internacional de Música Clássica, iniciativa da Prefeitura da Capital através da Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope), inseriu a Paraíba – e com muita qualidade – nos grandes festivais de música erudita do país. Em cartaz de 30 de novembro ao dia 6 deste mês, este ano o Festival trouxe ao nosso Estado duas dezenas de músicos brasileiros e estrangeiros e ofereceu ao público mais de 20 concertos em igrejas e pontos turísticos da cidade. Um desses concertos, o de encerramento, teve como regente ninguém menos que o venerado e veterano Isaac Karabtchevsky, ex-maestro da Orquestra Sinfônica Brasileira. O espetáculo, recorde de público para eventos do gênero, foi realizado no Espaço Cultural, o mesmo Espaço que um concerto semelhante inaugurou há 32 anos. Tendo com regente o mesmo Karabtchevsky.
Na Justiça – Na coluna de ontem, destaquei o trabalho do Juizado Especial Cível da Capital, que integra a relação dos dez melhores segundo critérios do próprio Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Hoje, faço justiça ao desempenho do grupo especial de juízes estaduais que trabalha para cumprir a Meta 4 do CNJ, que visa dar celeridade e resolutividade aos processos judiciais que cuidam de improbidade administrativa e crimes contra a administração pública. Coordenado pelo juiz Aluizio Bezerra Filho e tendo como gestor o desembargador Leandro dos Santos, o Grupo da Meta 4 julgou nada menos que 524 processos este ano (quase um e meio por dia). Além desse feito impressionante, desses julgamentos resultaram, apenas neste semestre, na condenação de mais de 100 pessoas, entre parlamentares, ex-prefeitos, ex-secretários municipais e empresários envolvidos em corrupção junto ao poder público.
Na Imprensa – Não teve pra mais ninguém este ano. Hebert Araújo, repórter da TV Cabo Branco e da CBN João Pessoa, é sem dúvida alguma o Jornalista do Ano, título que entidades representativas do meio deveriam adotar e com ele premiar filiados que mais se destacam na profissão pela excelência no ofício. Filiados como Hebert, que em outubro papou nada mais nada menos que o primeiro lugar da categoria Rádio do 36º Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos. Ganhou com matéria produzida para a CBN sobre vida e morte da líder sindical Margarida Maria Alves, de Alagoa Grande, fuzilada em 1983 a tiros de espingarda 12 dentro de sua casa por um pistoleiro contratado pelo latifúndio mais conservador e cruel que possa existir em um país como o Brasil. Hebert conquistou outros prêmios igualmente importantes, entre eles um que ele foi buscar em Guadalajara, México, em julho. Como grande vencedor da categoria Rádio do Prêmio Roche de Jornalismo em Saúde, disputado colegas de todas as Américas. Dessa vez, a vitória veio com reportagem especial (veiculada também na CBN João Pessoa) intitulada “A Volta da Voz”. Conta o drama do locutor esportivo Francisco Lunguinho, que recuperou a voz após 10 anos de câncer de laringe e graças à implantação de uma prótese traqueoesofágica. A matéria vencedora teve Luís Sousa na produção e Emerson Martiniano na edição.