transformações

Mulheres optam por retirar silicone em movimento pela beleza natural

Uma das cirurgias plásticas mais comuns no Brasil, o implante de silicone nos seios soma 220 mil procedimentos por ano, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). Apesar de seguir com grande procura, de uns tempos para cá, o cenário passa por transformações.

Uma das cirurgias plásticas mais comuns no Brasil, o implante de silicone nos seios soma 220 mil procedimentos por ano, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). Apesar de seguir com grande procura, de uns tempos para cá, o cenário passa por transformações.

Em um movimento pela aceitação do corpo natural e também por causa de complicações nos procedimentos, parte das mulheres optam pelo explante, processo de retirada das próteses. Não há estatísticas precisas no país, porém o assunto se vê cada vez mais em alta. Nos Estados Unidos, para cerca de 313 mil cirurgias do tipo, houve 30 mil explantes, de acordo com dados de 2018 da Sociedade Americana de Cirurgia Plástica (ASPS).

Ganha forma por aqui um movimento de tentar quebrar padrões estéticos, que tanto castigam, principalmente, as mulheres. A saúde e o reconhecimento de todas as belezas são reforçados por uma corrente chamada de body positive. Nas redes sociais, influenciadoras incentivam a mostra de celulites, estriais, gordurinhas, rosto sem maquiagem e por aí vai.

Elas quiseram mudar

Para a modelo e atriz Bruna Alvim, de 38 anos, que vive no Rio de Janeiro, a retirada se explica por um amadurecimento e uma maior autoestima. “Quando coloquei o silicone, há 18 anos, estava muito insatisfeita com o meu corpo e, para certas campanhas – como as de biquínis e de cervejas -, era clara a exigência de peitos grandes. Então, foi uma junção”, disse ao Metrópoles.

Em 2019, ela conta ter “despertado” após uma série de pesquisas. “Eu olhava e falava: ‘Não preciso mais de um peito falso’. Passei a querer viver do jeito que eu sou. Foi libertador, eu me reencontrei”.

A professora municipal Larissa de Almeida, de 37 anos, que mora no Ceará, também se mostra satisfeita com a decisão. “É importante buscar reconexão com nossa imagem antes das próteses. Vivi 28 anos sem elas. Foi uma tentativa de deixar o corpo mais proporcional na época”, explica.

Cirurgiã plástica e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Anne Karoline Groth observa o reflexo do movimento body positive nos consultórios. “Mais mulheres nos procuraram com intuito de retirar as próteses nos últimos anos”, comenta.

A blogueira carioca Evelyn Regly teve uma relação complicada com as próteses de silicone e se arrependeu do procedimento. Após a realização da cirurgia em 2017, devido a um erro médico, sofreu com falta de pele para a cicatrização, o que gerou dores e marcas, e seu corpo rejeitou o implante. “Fiquei com vergonha. Eu tinha postado na internet toda minha felicidade, mas me deu força contar o que passei, porque vi que outras pessoas enfrentavam a mesma situação”, lembra.

“Eu não queria colocar silicone, sempre gostei muito do tamanho dos meus peitos, mas eles eram flácidos e, quando precisava fazer fotos para agências, ficava incomodada. As pessoas comentavam”, conta Evelyn.

“Sempre falo para as pessoas aceitarem seus processos, seus caminhos. Leva um tempo para isso acontecer, mas somos iguais e busco trazer isso para a internet. Todo mundo tem sovaco com pelos, espinha é algo normal, ninguém esbanja uma pele perfeita e 100% lisa, só no Photoshop”, afirma.

Para seus 6 milhões de seguidores, a influenciadora busca passar autenticidade. “Costumo dizer que a vida é um feed todo cagado, se fosse aquele feed perfeito e todo arrumado, não estaria certa”, brinca. “As cicatrizes contam a nossa história. Tenho cicatriz de cesárea. Tive três perdas, mas hoje posso contar, graças a Deus, que tenho meu filho. Essa é a minha história”.

 

Fonte: Metrópoles
Créditos: Polêmica Paraíba