Morreu neste sábado (12), aos 88 anos, o crítico, roteirista, diretor, ator e professor Jean-Claude Bernardet, um dos principais nomes da crítica cinematográfica no Brasil. Segundo informações de amigos, Bernardet sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) e estava internado no Hospital Samaritano, em São Paulo. O velório será realizado na Cinemateca Brasileira, também na capital paulista.
Nascido na Bélgica, em 1936, Bernardet passou a infância em Paris, na França, e se mudou para o Brasil aos 13 anos, naturalizando-se brasileiro em 1964. Sua trajetória no cinema começou no movimento cineclubista, e ele iniciou sua carreira como crítico no jornal O Estado de S. Paulo, a convite de Paulo Emílio Salles Gomes.
Ao longo da carreira, Bernardet publicou obras fundamentais para a análise cinematográfica nacional, como Brasil em Tempo de Cinema (1967), Trajetória Crítica (1978), O Que é Cinema (1980) e Cineastas e Imagens do Povo (1985/2004). Seus textos influenciaram gerações de cineastas, incluindo ícones do Cinema Novo, como Glauber Rocha.
Também atuou como diretor e roteirista em obras como O Caso dos Irmãos Naves (1967), Eterna Esperança (1971), São Paulo: Sinfonia e Cacofonia (1994) e Sobre os Anos 60 (1999). Em agosto de 2024, foi homenageado com uma retrospectiva inédita no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) de São Paulo e do Rio de Janeiro.
Legado e influência de Jean-Claude Bernardet
Na vida acadêmica, Jean-Claude Bernardet foi professor de História do Cinema Brasileiro na USP e um dos responsáveis pela criação do curso de Cinema da Universidade de Brasília (UnB).
Jean-Claude Bernardet vivia com a saúde fragilizada. Soropositivo e com diagnóstico de câncer de próstata reincidente, decidiu não realizar quimioterapia. Também enfrentava problemas de visão causados por degeneração ocular. Sua filha, Lígia Bernardet, está vindo dos Estados Unidos para o velório.
Bernardet deixa um legado intelectual e artístico fundamental para o cinema e a cultura brasileira, sendo lembrado por sua lucidez crítica, engajamento político e influência duradoura nas gerações seguintes de realizadores e pensadores da imagem.