Greve de fome de estudantes da UFPB chega ao terceiro dia

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Estudantes se reuniram em assembleia para decidir se ocupam ou não a reitoria da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) em apoio aos quatro estudantes que estão, desde a última terça-feira (23), acorrentados à entrada do referido prédio e fazendo greve de fome em protesto a precariedade dos programas de assistência estudantil na instituição.

Sobre as negociações com a reitoria para tentar resolver o impasse, os líderes do movimento relatam dificuldades. “A reitoria tem se mostrado surda, cega e muda para essa situação, fingindo que não está acontecendo nada, que eles não estão vendo nada e que nós não estamos lutando por nada”, afirmou Daniel Lima de Sousa, estudante de Serviço Social.

Daniel explica que o movimento tem três principais reivindicações. “A primeira pauta é a contemplação de todos os estudantes que estão fazendo parte do processo seletivo (de bolsas de auxílio moradia), desde eles estejam dentro dos critérios socioeconômicos (estipulados no edital); a nossa pauta número dois é com relação ao RU(Restaurante Universitário) para todos e a nossa pauta número três é em relação a residência universitária, uma transparência no processo de seleção para residência universitária”, destacou ele.

Ontem os estudantes realizaram uma caminhada pelo Campus I da UFPB e chegaram a interditar temporariamente a avenida que dá acesso aos Bancários em apoio aos estudantes acorrentados e em greve de fome.

Os estudantes também publicaram uma carta aberta em que enumeram as reivindicações:

REINIVINDICAÇÕES DA FOME
Nós, estudantes independentes da UFPB, depois de diversas
tentativas de diálogo que nunca foram escutadas, fomos levados
a iniciar uma greve de fome em frente à reitoria. Às oito horas da
manhã do dia 23 de fevereiro de 2016, um grupo de estudantes
se acorrentou na entrada do prédio e deflagrou a greve de fome.
Isto está se dando por conta do sucateamento das políticas de
assistência estudantil na Universidade Federal da Paraíba,
políticas estas que não condizem com as necessidades reais das
e dos estudantes que entram na Universidade.
Políticas de Assistência Estudantil e Permanência são
imprescindíveis para a democratização das universidades
públicas, especialmente para a camada mais pobre de
estudantes, muitos de outras cidades e estados. Na UFPB,
observa-se um número muito baixo de estudantes assistidos e
um RU extremamente restrito, único no país aonde apenas uma
parte de quem estuda na Universidade tem acesso.
Além disto, o estopim de nossa ação se deu por conta da lista de
auxílio moradia, que saiu na noite do dia 22 de fevereiro com
UM ANO de atraso, excluindo diversos estudantes que estão em
profunda situação de vulnerabilidade social, havendo até mesmo
casos de estudantes que precisaram morar em Centros
Acadêmicos e na rodoviária da cidade.
Diante de tal realidade, continuaremos com nossa greve de
fome e outras ações de resistência até que as seguintes exigências sejam
cumpridas.

a. A serem efetivadas imediatamente:
I. Contemplação de todas as pessoas dentro do perfil
socioeconômico do PNAES que solicitaram o auxílio
moradia/residência em 2015.1.
II. Abertura do R.U. para todos os feras da UFPB que
solicitaram assistência estudantil enquanto não forem
divulgados os resultados dos processos no período de
2015.2 e períodos adiantes.
III. Mudança na logística de alimentação no RU, de forma
que as pessoas não precisem mais ficar esperando uma
hora para comer.
IV. Expansão no número de funcionários do RU para que a
gestão do espaço se dê de maneira mais dinâmica em
horários de pico sem sobrecarregá-los.
V. Mudança do Superintendente do RU. A nova pessoa a
ocupar este cargo deve ter experiência com a área de
permanência e assistência estudantil. Professoras e
professores que se candidatarem à vaga devem ser
decididos por uma eleição entre os funcionários do
Restaurante Universitário e estudantes.
VI. Reajuste dos valores dos auxílios em acordo com as
necessidades básicas (alimentação, moradia,
transporte, gás, luz, água, eletricidade e internet) e
inflação real.
VII. Transparência total das contas e políticas da PRAPE e
participação estudantil na construção das mesmas.
VIII. Publicização da última auditoria pública sobre a
situação dos auxílios e residência e caso necessário
realização de nova auditoria.

IV. Expansão no número de funcionários da Creche
Universitária para que se possa atender a todas as
mães estudantes e funcionárias da UFPB. Contratação
de professores e professoras e o incentivo de
programas de extensão, estágio e docência. Melhoria
nas condições estruturais da mesma.
X. Cumprimento de condições de higiene aprovadas pela
vigilância sanitária nos locais de produção, transporte e
consumo dos alimentos servidos no RU, em especial no
condizente ao reabrimento da cozinha do RU I
XI. Contratação de novas e novos assistentes sociais para a
PRAPE, possibilitando que haja um cumprimento
responsável dos prazos dos editais de auxílio.
XII. Desmilitarização do R.U. Entende-se por isso a retirada
de guardas armados do Restaurante Universitário.
XIII. Lançamento de edital para duplicação do número de
pessoas que comem no Restaurante Universitário.
Consideramos que isto agora é possível por conta da
reabertura total do RU I.
XIV. Que a PRAPE se responsabilize pela regulamentação da
condição de “hospede” e abertura imediata de leito
aos feras que solicita-los, garantindo a integridade das
e dos estudantes que ocuparem os quartos. E ocupação
dos quartos livres na residência universitária por meio
do edital.

b. A serem efetivadas até o final do período 2016.1:
I. Um novo modelo de acesso ao RU, com a participação
de entidades estudantis para sua formulação, para que
todo mundo que estuda na UFPB seja contemplado,
com a criação de faixas de beneficiários, em modelo
progressivo. De forma a garantir o acesso as e aos
estudantes que se insiram no perfil socioeconômico.
II. Lançamento dos editais de assistência estudantil
juntamente com o período da matricula.
III. Funcionamento das cozinhas dos Restaurantes
Universitários de cada campi para a preparação dos
alimentos, com implantação de uma política local que
garanta que 30% dos alimentos sejam comprados de
produtores agro ecológicos, seguindo o exemplo da Lei
Nº 11.947.
IV. Incentivo a projetos de extensão e pesquisa que visem
a inserção dos estudantes dos cursos de Gastronomia,
Engenharia de Alimentos, Nutrição e demais cursos da
área alimentícia na atuação do funcionamento dos
Restaurantes Universitários.
V. Conclusão da construção e consequente abertura do
R.U II.
VI. Construção de uma nova residência universitária e
consequente expansão das vagas.
VII. Criação de um Programa de Auxílio Imediato à/ao
estudante, que dê direito ao acesso ao Restaurante
Universitário e à moradia, auxilio e aumento para do
prazo para entrega de documentos da matricula para
pessoas oriundas de outras cidades enquanto
aguardam o resultado dos editais de assistência
estudantil, para os quais devem ser encaminhados
automaticamente. Vale ressaltar que esta é uma
realidade comum em outras Universidades.
VIII. Criação de uma política que incentive a atuação por
meio dos programas de extensão e pesquisa dos e das
estudantes nos serviços prestados a comunidade
dentro do campus, como a creche.
IX. A reestruturação da segurança na universidade,
retirando-se assim o porte de armas dos guardas, tanto
terceirizados quanto servidores federais. Oferecer
treinamento continuado com os funcionários da
segurança e garantir a paridade entre gêneros no
quadro de funcionários (guardas terceirizados e
servidores).
João Pessoa, 24 de Fevereiro de 2016