Trauma

Glenda Kozlowski relata experiência traumática durante cobertura das Olimpíadas

A Copa do Mundo de Futebol Feminino de 2019 estreia no dia 7 de junho e a jornalista Glenda Kozlowski, que já vivenciou uma história de cinema, quebrará a hegemonia de uma cobertura apenas com mulher na TV Globo.

A Copa do Mundo de Futebol Feminino de 2019 estreia no dia 7 de junho e a jornalista Glenda Kozlowski, que já vivenciou uma história de cinema, quebrará a hegemonia de uma cobertura apenas com mulher na TV Globo. Durante sua participação no estande sobre feminismo do Rio2C, o maior festival sobre o mercado audiovisual brasileiro, ela contou que ficou traumatizada com sua participação na narração das Olimpíadas de 2016.Ela foi a primeira mulher narradora da emissora, mas ainda assim não recebeu apoio do público. Acostumados com vozes masculinas, eles odiaram a narração da repórter e criticaram-a duramente nas redes sociais. Ela lembrou que pensou em desistir da carreira.

“Se não fosse por causa da Rosane Araújo (diretora do “Esporte Espetacular”) e do Renato Ribeiro (diretor da Central Globo de Esportes na época), eu teria saído da cobertura olímpica”, revelou. Ela contou que depois de três dias narrando a Ginástica Olímpica, ela saiu do estúdio aos prantos pelos comentários negativos que estavam sendo feitos a respeito de seu trabalho. “A coisa foi reverberando, fui vendo os meus 27 anos de dedicação ao Esporte jogados fora, indo pro lixo. Eu não tinha coragem de andar no corredor, aquilo me tomou de um jeito que eu andava curvada, só chorava”, desabafou Glenda. Ela falou que esses comentários foram feitos por ter narrado ao lado de homens. “No primeiro dia, com o Cléber Machado; no segundo, com o Galvão; no terceiro, com o Luís Roberto. Eu ficava pensando se era algo errado comigo, com meu jeito de narrar, com minha técnica.”

Se sentindo derrotada pelas críticas, Glenda chegou a pedir para sair da cobertura do evento. “Eu cheguei na Redação e falei: ‘Olha, estou indo embora agora, não vou passar por isso nunca mais na minha vida. Eu não quero mais, vou pra casa, chega'”, revelou. No mesmo dia, a diretora do Esporte Espetacular ligou para ela avisando que ela cobriria sozinha a final da ginástica. “Ela disse: Glenda, amanhã é o dia da medalha do Diego [Hypólito], você vai narrar sozinha’. E eu narrei, foi um sucesso. O Diego foi medalhista, o Arthur [Nory] também. E aí eu percebi que o hábito das pessoas é escutar uma voz masculina na narração. Ali eu senti o machismo e o preconceito pela primeira vez na minha vida.”

Apesar do que passou, a jornalista afirmou que as mulheres estão ganhando espaço na área e que terão que aceitar isso. “Vocês vão ter que se acostumar com as vozes das mulheres. Porque, pela primeira vez, a Globo vai transmitir a Copa do Mundo feminina, e em todos os jogos da seleção brasileira, a equipe, repórter e comentarista, vai ser de mulheres. Só não vamos ter narradora. Ainda.” Ela também contou que recusou a proposta de ser narradora do futebol feminino. “Eu não quero fazer futebol, não quero. Falei que não quero porque não é o meu negócio”, disse ela, que prometeu que vai ser só emoção durante as transmissões. “Assistir a isso na Globo, que é como um canhão, acho que eu vou sentar e chorar. Pelas meninas, pela Marta, pela Cristiane, por todas elas”, declarou Glenda, que se emocionou na Copa de 2018.

Fonte: Purepeople
Créditos: Pyetra Santos