Foto de um bebê usando farda da polícia e segurando um cassetete está causando polêmica na internet

Exibição da criança com armas da PM de São Paulo viola o ECA, aponta especialista. (Crédito: Reprodução)

A mãe da bebê que apareceu usando farda e segurando cassetete e algemas em foto publicada no Facebook e no Twitter oficial da PM (Política Militar) de São Paulo afirmou que não autorizou a publicação. Disse ainda que a imagem foi feita em um ensaio fotográfico com a criança. Já a Polícia Militar afirmou em nota que a mãe da criança inclusive interagiu com a publicação e agradeceu à PM pela divulgação da foto.

Polêmica.

A imagem publicada com a mensagem “Boa Noite” e a hashtag #podeconfiarpmesp recebeu críticas de seguidores do Twitter. Comentários como: “Se ela soubesse o que vocês fazem, choraria de medo dessa farda”, “Só faltou colocar um revólver na mão da criança. #semnocao”, “Já vem com minispray de pimenta e bombinha de gás lacrimogêneo?”, “Banalização e culto à repressão, deveria ser crime”, “Que absurdo, quem foi o irresponsável que aprovou isso? Isso é uma vergonha”, entre outros, se replicaram na conta da corporação na rede social.

Na página do Facebook, a maioria dos comentários foi favorável à publicação da foto: “A essa pode me prender kkkkk linda foto parabéns”, “Boa noite Guerreiros!!! Muito bacana essa pequena PM, já tem perfil de policial !!! Ótimo trabalho à toda Corporação !!!”, “Boa noite. Quero fazer uma roupa assim pra minha neta. Linda essa princesa”,  foram alguns deles .

Violação do ECA.

Para Ariel de Castro Alves, coordenador estadual do Movimento Nacional de Direitos Humanos e um dos fundadores da Comissão da Criança e do Adolescente do Conselho Federal da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), a exibição da imagem viola o artigo 232 do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente): “Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento”, com pena de seis meses a dois anos.

“A criança é colocada em uma situação constrangedora, vexatória. Foi exposta com uma arma, ainda que não seja uma arma de fogo, mas armas usadas para reprimir, como o cassetete e a algema para prender”, avaliou. “Não são brinquedos. Fazem parte dos instrumentos de trabalho da corporação. Houve uma utilização indevida. Foi claramente entregue por um adulto que faz parte da corporação”, completou.

Constrangimento no futuro.

Para Ariel, a foto pode gerar problemas para a criança no futuro. “Por ela ter sido colocada com símbolos de repressão e violência de uma polícia vista como repressiva, ela pode passar por situações de constrangimento na escola.” Alves acredita que a polícia deve retirar a foto ou se retratar. Ele também afirmou que vai pedir ao setor de Direitos Humanos do Ministério Público de São Paulo que analise o caso. A Polícia Militar, por meio de sua assessoria, informou que as fotos publicadas nas redes sociais são enviadas por internautas. Além disso, registrou, em nota, que a farda simboliza, entre outras coisas, “honra” e “civismo”. (AG)

Fonte: http://www.osul.com.br/
Créditos: http://www.osul.com.br/