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Em 92 anos de Oscar, mulheres venceram principais categorias 28 vezes

93ª edição promete ser histórica com mulheres como favoritas a melhor filme, direção e roteiro. Premiação acontece neste domingo (25) e será transmitida pelo G1

Em 92 anos de Oscar, mulheres venceram principais categorias 28 vezes

Este domingo (25) promete ser histórico para as mulheres nas quatro principais categorias do Oscar (sem contar as de atuação): melhor filme, direção, roteiro original e roteiro adaptado. E as produções favoritas para levar cada uma delas têm mulheres nas equipes.

Mas a realidade das profissionais nestas principais categorias é dura. Em 92 anos premiação, elas tiveram mais de 350 chances de ganhar um Oscar, mas houve apenas 28 vitórias de mulheres:

A categoria que menos premiou foi direção. Apenas Kathryn Bigelow conseguiu levar uma estatueta em 2010, pelo filme “Guerra ao Terror”;
Depois disso, estão as categorias de roteiro, com oito vitórias cada. Elas foram as primeiras a premiar mulheres, nas décadas de 1930 e 1940;
E, por fim, melhor filme, que tem produtoras nas equipes de 11 vencedores do principal prêmio da cerimônia.

Quem foram as pioneiras

Quando melhor roteiro adaptado ainda se chamava melhor escrita, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas deu indícios de que seria uma competição igualitária e premiou Frances Marion pelo roteiro de “O Presídio”, uma história de drama, crime e terror. Era 1930, a terceira edição do Oscar e a primeira premiar uma mulher nas categorias principais.

Também jornalista e escritora, Marion foi considerada a roteirista mais “renomada” do século 20. Talentosa, ela venceu de novo no ano seguinte, pelo argumento de “O campeão”. A americana tem mais de 180 filmes, séries e episódios no currículo como roteirista, três como diretora e outros três como atriz.

Já o Oscar de melhor roteiro original só surgiu em 1941, na 13ª edição. E a primeira roteirista foi premiada apenas seis anos depois, em 1947: a também diretora Muriel Box, ao lado do marido Sydney Box, pelo filme “O Sétimo Véu”.
O nome de Muriel Box vem sempre com a classificação: a mais proeminente diretora britânica, embora seja pouco conhecida pelas gerações atuais. Ela gostava de representar mulheres de diversas maneiras em seus filmes e já denunciava da falta de confiança da indústria nas diretoras e roteiristas nas décadas de 1950 e 1960.

Faz muito tempo que uma mulher não ganha prêmio por roteiro, seja original ou adaptado. A última vez que uma roteirista venceu um Oscar foi na edição de 2008: Diablo Cody, pelo drama adolescente “Juno”.

O primeiro melhor filme a ter uma mulher na produção foi premiado mais tarde ainda, em 1974, no 46º ano de existência do Oscar. Se trata de “Golpe de mestre”, de Julia Phillips, Tony Bill e Michael Phillips.

Julia Phillips fez história logo com seu primeiro filme. Depois de “Golpe de mestre”, ela produziu “Três Ladrões Desajustados” no mesmo ano e ainda os sucessos “Taxi Driver” (1976) e “Contatos Imediatos do Terceiro Grau” (1977).

Apesar de ter demorado tanto tempo para premiar a primeira equipe com mulheres, a categoria é a que se sai melhor nesta lista. Mulheres venceram em três dos últimos cinco anos: Nicole Rocklin e Blye Pagon Faust por “Spotlight: Segredos revelados”, Adele Romanski e Dede Gardner por “Moonlight: Sob a luz do luar” e Kwak Sin Ae por “Parasita”.

Por fim, o feito mais triste desta lista: Kathryn Bigelow foi a primeira, a última, a única a vencer por direção até este sábado (24). Seu drama sobre a guerra do Iraque, “Guerra ao terror”, venceu seis Oscars, o mais premiado de 2010.

A situação nem poderia ter sido muito diferente. Até o ano passado, além de Bigelow, só outras quatro mulheres haviam sido indicadas: Lina Wertmüller por “Pasqualino Sete Belezas” (1977), Jane Campion por “O piano” (1934), Sofia Coppola por “Encontros e desencontros” (2004) e Greta Gerwig por “Lady Bird” (2018).

Veja, abaixo, a lista de mulheres vencedoras nas principais categorias do Oscar:
Melhor direção

2010 – Kathryn Bigelow – “Guerra ao Terror”

Melhor filme (quem produz ganha)

1974 – “Golpe de mestre” – Tony Bill, Michael Phillips e Julia Phillips
1990 – “Conduzindo Miss Daisy” – Richard D. Zanuck e Lili Fini Zanuck
1995 – “Forrest Gump: O contador de histórias” – Wendy Finerman, Steve Tisch e Steve Starkey
1999 – “Shakespeare apaixonado” – David Parfitt, Donna Gigliotti, Harvey Weinstein, Edward Zwick e Marc Norman
2004 – “O senhor dos anéis: o retorno do rei” – Barrie M. Osborne, Peter Jackson e Fran Walsh
2006 – “Crash – No limite” — Paul Haggis e Cathy Schulman
2010 – “Guerra ao terror” – Kathryn Bigelow, Mark Boal, Nicolas Chartier e Greg Shapiro
2014 – “12 anos de escravidão” – Brad Pitt, Dede Gardner, Jeremy Kleiner, Steve McQueen e Anthony Katagas
2016 – “Spotlight: Segredos revelados” — Michael Sugar, Steve Golin, Nicole Rocklin e Blye Pagon Faust
2017 – “Moonlight: Sob a luz do luar” – Adele Romanski, Dede Gardner e Jeremy Kleiner
2020 – “Parasita” – Kwak Sin Ae e Bong Joon Ho

Melhor roteiro original

1947 – Muriel Box e Sydney Box – “O Sétimo Véu”
1956 – William Ludwig, Sonya Levien – “Melodia interrompida”
1979 – Nancy Dowd, Waldo Salt e Robert C. Jones – “Amargo regresso”
1986 – William Kelley, Pamela Wallace, Earl W. Wallace – “A Testemunha”
1992 – Callie Khouri – “Thelma & Louise”
1994 – Jane Campion – “O piano”
2004 – Sofia Coppola – “Encontros e desencontros”
2008 – Diablo Cody – “Juno”

Melhor roteiro adaptado

1930 – Frances Marion – “O presídio”
1934 – Victor Heerman, Sarah Y. Mason – “As quatro irmãs” (“Little Women”)
1943 – Arthur Wimperis, George Froeschel, James Hilton, Claudine West – “Rosa de Esperança” (“Mrs. Miniver”)
1987 – Ruth Prawer Jhabvala – “Uma Janela para o Amor”
1993 – Ruth Prawer Jhabvala – “Retorno a Howard’s End”
1996 – Emma Thompson – “Razão e sensibilidade”
2004 – Fran Walsh, Philippa Boyens & Peter Jackson – “O senhor dos anéis – O retorno do rei”
2006 – Larry McMurtry e Diana Ossana – “O segredo de Brokeback Mountain”

Fonte: G1
Créditos: G1