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DEFINIÇÕES DE TRAIÇÃO ATUALIZADAS: assistir ao parceiro tendo relações com outras vem se tornando uma fonte de desejo e excitação; entenda a prática 

 

 

As definições de traição foram atualizadas: se para a maior parte das pessoas assistir ao parceiro tendo relações sexuais com outro poderia ser uma verdadeira tortura, para algumas pessoas, o ato se torna uma fonte de desejo e excitação.

O fetiche em traição não é exatamente novidade: o termo “cuckold”, ou seja, quando um cara e sua parceira encenam uma situação na qual ele é feito de “corno”, costuma ser bem popular em sites pornô. Mas e as mulheres que gostam de ser traídas em fantasia? São mais raras, mas elas existem e têm nome: são as “cuckqueans”.

Mulheres que curtem ser “cuckqueans” sentem prazer ao verem seus parceiros ou parceiras transando com outras pessoas –e algumas gostam muito de serem chamadas de “cornas” enquanto assistem o ato, explicitamente. Na maioria das vezes, as elas praticam seu fetiche aliado com o BDSM (sigla para Bondage, Disciplina, Dominação, Submissão, Sadismo e Masoquismo).

Os adeptos à prática de ver o par tendo relações com outra pessoa não associam a prática com infidelidade nem com amor. Para eles, ela pode não só proporcionar muita satisfação como ainda melhorar o relacionamento.

Ana Canosa, psicóloga, sexóloga e colunista do Universa, blog do site UOL, reforça que uma das características desse desejo é somente assistir, sem participar. “Em alguns casos, inclusive, eles podem nem estar presente, mas pedir ao parceiro que conte como foi a relação ou que mostre fotos e vídeos com a terceira pessoa”, explica.

É nesse ponto que eles se diferenciam dos “voyeurs”: “Um voyeur normalmente gosta de assistir relações sexuais independentemente do vínculo afetivo de quem está participando. Já a cuckquean ou o cuckold direciona essa fantasia ao parceiro”, detalha.

Assumir esse desejo, no entanto, não costuma ser fácil. “No imaginário social, é algo bastante controverso, porque lida com a questão da infidelidade. E a figura do traído inspira dó, pena”, afirma Ana. Ela explica que, no fundo, preferimos rotular a traição desta forma do que lidar com sentimentos que são contraditórios, como o desejo sexual livre.

Mesmo a infidelidade sendo tão frequente, preferimos olhar o traído como um enganador, um bobo, do que dar mais atenção a esse fenômeno”.

É preciso ter acordos muito claros

Carla Zeglio, diretora e psicoterapeuta sexual do InPaSex – Instituto Paulista de Sexualidade, afirma que, em seu consultório, os pacientes sabem que é tudo uma brincadeira. “A grande maioria dos casais não se chama de ‘corno’, eles só afirmam que colocaram uma terceira pessoa na relação e que foi bom para eles. E quando a mulher vê o marido com outra neste contexto, ela não vê como uma humilhação, para ela é uma forma de obtenção de prazer”.

Carmita Abdo, psiquiatra e coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade da Universidade de São Paulo, explica que o tesão em ser “feita de corna” no plano da fantasia é como o sadomasoquismo: ele não é mais tratado como um problema ou transtorno quando é feito de forma saudável e quando todos os envolvidos estão satisfeitos. “Quando, numa relação sadomasoquista, todas as partes estão em comum acordo, é uma situação que só diz o respeito ao casal e que não precisa ser tratada clinicamente. Isso é restrito ao ato sexual”, afirma.

Ela também diz que “cuckqueans” não desenvolvem este fetiche só porque foram traídas antes, mas pode acontecer. O que ocorre é que elas podem ter descoberto que a dor da rejeição pode trazer prazer também. “Mas não podemos generalizar, dizendo que toda mulher que tem esse fetiche foi traída ou que toda mulher que for traída terá esse fetiche. E não significa que as pessoas descobrirão o fetiche após a traição. O prazer existe dentro do jogo sexual, do ato. A relação sadomaso é muito sob controle”.

Fonte: Polêmica Paraíba com informações do Universa
Créditos: Polêmica Paraíba