Cultura

Jurema Sagrada é reconhecida como Patrimônio Imaterial da Paraíba

Jurema Sagrada é reconhecida como Patrimônio Imaterial da Paraíba

Paraíba - A Jurema Sagrada agora é oficialmente Patrimônio Imaterial da Paraíba. A Lei, de autoria da deputada estadual Cida Ramos (PT), foi sancionada pelo governador João Azevêdo (PSB) e publicada na edição desta quarta-feira (16/07) do Diário Oficial do Estado.

Com raízes indígenas e forte presença no Nordeste, especialmente no litoral sul paraibano — em municípios como Alhandra e Conde —, a Jurema é cultuada em terreiros e comunidades tradicionais, reunindo elementos das culturas indígena, africana e europeia.

A prática é reconhecida como uma importante expressão da resistência cultural de povos historicamente marginalizados. Segundo Cida Ramos, o reconhecimento busca valorizar essa manifestação religiosa ancestral.

“Apesar de toda busca de organização e respaldo jurídico, é importante salientar que os religiosos de cultos afro-brasileiros e indígenas continuam sofrendo com o racismo e a intolerância religiosa. Segundo o disque 100 – canal de denúncias do Ministério dos Direitos Humanos – no primeiro semestre de 2024 houve-se uma média de quase sete denúncias por dia, recaindo, principalmente, contra as religiões de matrizes africanas”, afirmou a parlamentar ao defender a proposta.

Deputados votaram não

A iniciativa, no entanto, não foi unânime na Assembleia Legislativa. A matéria, aprovada no início de junho, enfrentou resistência de deputados da ala conservadora.

Wallber Virgolino e Sargento Neto, ambos do PL, votaram contra, enquanto Tovar Correia Lima (PSDB) optou pela abstenção.

Durante a votação, Cida Ramos rebateu manifestações preconceituosas e risos irônicos no plenário.

“Eu sou católica, mas quero dizer que a Jurema faz parte da existência indígena, assim como de vários outros grupos. Nós devemos respeitar. Podemos até não aderir, mas precisamos valorizar as expressões e manifestações culturais e religiosas que se constituíram ao longo da formação social desse nosso país tão diverso e tão rico. Deus é um só, único”, declarou.

Com a sanção, a Paraíba dá mais um passo na valorização de sua diversidade religiosa e cultural, reforçando o papel do estado na preservação das tradições populares.