Paraíba - No dia 13 de julho, fãs do mundo inteiro celebram o Dia Mundial do Rock. A data surgiu em referência ao festival beneficente Live Aid, realizado em 1985, que reuniu gigantes como Queen, Led Zeppelin, Tina Turner, U2 e muitos outros. Desde então, tornou-se símbolo de resistência cultural, rebeldia e liberdade de expressão.
Na Paraíba, o rock tem seu lugar garantido. Apesar dos desafios, bandas autorais, bares, festivais e coletivos independentes seguem firmes na missão de manter o gênero vivo.
Ao mesmo tempo, o público roqueiro paraibano, embora pequeno em comparação a outros estilos populares no estado, mostra fidelidade e paixão pelo gênero musical.
O Polêmica Paraíba entrevistou artistas da cena do rock paraibano para entender como eles vivem o gênero, suas inspirações, as dificuldades de se manterem ativos e o que significa para cada um celebrar o Dia Mundial do Rock.
Entre relatos de paixão pela música, desafios do mercado e sonhos de dividir o palco com ídolos, os músicos revelaram como o rock segue pulsando no estado, resistindo ao tempo e conquistando novos espaços.
Confira abaixo as entrevistas:
Val Donato
1- Quando e o que inspirou você a ser uma artista de rock?
Acho que o amor e a identificação com o estilo mesmo… as letras, a atitude e a liberdade que o rock permite.
2- Quais artistas ou bandas influenciaram mais o trabalho de vocês?
Cássia Eller, Cazuza, Legião Urbana, Paralamas e Titãs.
3- Quais são as maiores dificuldades de se manter ativo na cena do rock?
A visibilidade que é dada pela mídia para as bandas de rock hoje é algo bem limitado em comparação a outros estilos, o que acaba reduzindo a abrangência do som no alcance ao público.. talvez o rock ainda seja ligado à transgressão e rebeldia e isso repele ainda a linha de pensamento mais conservadora.
4- O que significa para vocês o Dia do Rock?
Pra quem curte mesmo, todo dia é dia de rock! hehehe mas é sempre importante ter esse momento de destaque para relembrar os ícones que fizeram o estilo acontecer e questionaram a estrutura engessada do sistema e seguir fomentando a cena a nível local, regional e mundial.
5- Se pudesse tocar com qualquer artista, vivo ou morto, quem seria?
Cássia Eller.
JOANNA DARK
O Polêmica Paraíba entrevistou a vocalista da Joanna Dark, Liah.
1- Quando e o que inspirou vocês a serem uma banda de rock?
Joanna Dark foi fundada em 2002 com o propósito de promover a força feminina no rock em João Pessoa, todos os integrantes são amantes do rock e músicos profissionais desde a adolescência. A influência do rock anos 80/ 90/ 2000 foram fundamentais para a composição de um repertório diversificado e com muitas versões também de pop rock, o que agradou bastante o público por abranger vários estilos de rock.
2- Quais artistas ou bandas influenciaram mais o trabalho de vocês?
Hard Rock, Grunge e Heavy Metal anos 80/90/2000 são nossas principais influências. (Iron Maiden, Black Sabbath, Metallica, Guns N Roses, Nirvana, Alice N Chains, Evanescence, Bon Jovi, Linkin Park)
3- Quais são as maiores dificuldades de se manter ativo na cena do rock?
O vocal feminino por si, já sofre com o preconceito e machismo na cena, porém bandas com integrantes femininas estão cada dia se destacando mais, se envolvendo diretamente e indiretamente com a cena, formações de bandas autorais e cover com mulheres. A dificuldade sempre vai existir, seja por concorrência, seja por rivalidades, mas estamos conseguindo combater isso com bastante dedicação, qualidade e força feminina.
4- O que significa para vocês o Dia do Rock?
Sinônimo de resistência, poder e perpetuação de um estilo de vida.
5- Se pudessem tocar com qualquer artista, vivo ou morto, quem seria?
Ozzy Osbourne, sem dúvidas! Nosso eterno príncipe das trevas e ícone do rock mundial.
SAVE THE QUEEN
O Polêmica Paraíba entrevistou o tecladista da Save The Queen, Daniel Varandas
1- Quando e o que inspirou vocês a serem uma banda de rock?
A grande inspiração veio da nossa paixão pela música britânica. Muitos dos nossos ídolos são de lá, então quando a banda começou a tomar forma, em 2017, surgiu a ideia de fazer algo que nos diferenciasse na cena de João Pessoa. Todos nós já tínhamos passado por outras bandas, mas quando o Dostô (nosso vocalista) sugeriu esse foco britânico, brilhou o olho de todo mundo. Era uma forma de homenagear aqueles heróis da adolescência que nos fizeram amar o rock.
2- Quais artistas ou bandas influenciaram mais o trabalho de vocês?
O Queen é, sem dúvidas, a maior referência. Foi tocando Queen que sentimos que tínhamos uma química diferente e um som que chamava atenção. A partir daí vieram outros nomes que sempre revisitamos nos nossos shows: Elton John, The Beatles, David Bowie, Dire Straits, Oasis, Led Zeppelin, Phil Collins, Rolling Stones… é uma lista que não acaba nunca!
3- Quais são as maiores dificuldades de se manter ativo na cena do rock?
A maior dificuldade é ter boas casas de show com estrutura para receber bandas que querem entregar qualidade. João Pessoa tem músicos incríveis e público interessado, mas ainda faltam espaços que incentivem isso. Outro ponto é a renovação: o público jovem hoje tem outros interesses, mas sempre tem gente sedenta por ouvir música de verdade, e isso nos motiva a continuar.
4- O que significa para vocês o Dia do Rock?
Para a Save The Queen tem um peso ainda maior, porque o Dia do Rock nasceu do lendário Live Aid de 1985 e ninguém brilhou mais naquele palco do que o Queen. A apresentação histórica do Freddie Mercury e companhia é uma das coisas que mais nos inspira. Tanto que em vários shows fazemos questão de tocar a mesma sequência daquele dia como homenagem. É um dia para celebrar, erguer a mão fazendo o chifrinho do rock ou brindar com uma cerveja (ou os dois!) e sentir o riff de guitarra que faz tudo isso valer a pena.
5- Se pudessem tocar com qualquer artista, vivo ou morto, quem seria?
Aqui a gente não tem como fugir do óbvio: ver o Freddie Mercury ao vivo já seria surreal; tocar com ele e o Queen então… não existem palavras. E, claro, os Beatles também ocupam um lugar muito especial pra todos nós.
BLACK MACHINE
O Polêmica Paraíba entrevistou o vocalista da Black Machine, Diego Tosta.
1- Quando e o que inspirou vocês a serem uma banda de rock?
A Black Machine nasceu do encontro de amigos que tinham uma paixão em comum: o rock. Não foi uma escolha comercial nem estratégica, foi algo visceral. O rock sempre foi o gênero que mais ouvimos, o que mais nos identificava, tanto no som quanto no discurso. A rebeldia, a inconformidade, a poesia crua, a distorção, tudo isso nos formou. Quando montamos a banda, há mais de 20 anos, não queríamos apenas tocar músicas. Queríamos expressar um sentimento, um incômodo com o mundo, e o rock sempre foi o meio mais honesto de fazer isso. No fim, a gente virou banda porque o rock já estava em nós. Só faltava dar forma.
2- Quais artistas ou bandas influenciaram mais o trabalho de vocês?
É sempre difícil listar apenas alguns nomes, porque a Black Machine é uma soma de muitas fases, de muitas pegadas. Passamos por influências que vão do rock nacional dos anos 80, como Legião Urbana, Barão Vermelho e Paralamas, até sons mais pesados como Metallica, Rage Against the Machine e até um pouco de Faith No More. Mas também flertamos com o pop rock, o grunge, o punk e o alternativo. É uma miscelânea que reflete a própria complexidade dos integrantes da banda. Cada um traz sua bagagem, e isso cria uma identidade múltipla, que evolui com o tempo. A verdade é que somos influenciados por tudo que tem verdade e potência. Do riff rasgado ao refrão melódico, tudo vira combustível.
3- Quais são as maiores dificuldades de se manter ativo na cena do rock?
Manter-se ativo no rock, especialmente aqui na Paraíba, é um ato de resistência. O rock, por essência, é uma música de atitude e, muitas vezes, vai contra o que está em alta nas paradas. Não é fácil disputar espaço quando o mainstream flerta com o que é mais palatável e menos questionador. O rock incomoda, provoca, cutuca e, por isso, sempre teve menos apoio. É uma arte que exige paixão, porque raramente vem acompanhada de conforto. As casas de show estão cada vez mais raras, o investimento é escasso e o público, embora fiel, precisa ser constantemente estimulado. Mas seguimos, porque o rock é justamente sobre isso: resistir, mesmo quando tudo manda você parar.
4- O que significa para vocês o Dia do Rock?
O Dia Mundial do Rock é mais do que uma data. É uma celebração de uma postura diante da vida. É sobre ser verdadeiro, sobre não se calar, sobre fazer barulho quando o silêncio é opressor. Pra gente, é um lembrete de que ainda existe espaço para gritar, para criar, para desafiar o que está posto. Não é só nostalgia. É afirmação. Cada acorde que a gente toca nesse dia tem um gosto especial, como se dissesse: ainda estamos aqui. É dia de vestir preto, levantar a voz e lembrar que a música pode, e deve, ser transformadora. O rock é resistência.
5- Se pudessem tocar com qualquer artista, vivo ou morto, quem seria?
Essa é cruel, porque a lista é enorme. Mas, se fosse pra sonhar alto mesmo, seria mágico dividir o palco com Freddie Mercury. Pela voz, pela presença, pela ousadia. Freddie não era apenas um cantor. Era uma entidade em cima do palco. Mas também seria um sonho tocar com Renato Russo, pela profundidade das letras, ou com Chris Cornell, pela alma que colocava em cada verso. São artistas que, como o rock, nos ensinaram a viver com intensidade, mesmo nas dores. Mas a verdade é que, a cada show que fazemos, sentimos que estamos tocando com eles, de alguma forma, porque carregamos suas influências no que fazemos.
O futuro do rock
Mesmo diante dos desafios, o rock segue vivo na Paraíba, provando que seu espírito contestador ainda encontra eco em quem acredita que a música pode ser resistência, identidade e liberdade.