Família

Casal gay consegue guarda de filha gerada por barriga de aluguel

Caso aconteceu na Tailândia. Mãe substituta pediu a criança de volta após descobrir que se tratava de casal homoafetivo

o globo

RIO — Após longa batalha judicial, o americano Gordon Lake, pai biológico de Carmen, de 15 meses, foi liberado nesta terça-feira para deixar a Tailândia com a filha para se reencontrar com seu companheiro, Manuel Santos, e o outro filho do casal, Alvaro, que estavam na Espanha. Desde o nascimento de Carmen, em janeiro do ano passado, Lake e a filha viviam escondidos no país temendo que Patidta Kusolsang, a mulher que gestou a criança, a tomasse de volta.

— Sim, nós vencemos — disse Lake após a decisão que lhe garantiu a custódia de Carmen. — Nós estamos muito emocionados. Nós sempre soubemos que nossa história teria um final e feliz e não podemos esperar para que nós quatro fiquemos juntos novamente.
Patidta gestou um ovo gerado a partir do esperma de Lake com o óvulo de uma doadora anônima. Após o nascimento de Carmen, a mãe de aluguel entregou a criança a Lake no hospital, mas depois alegou que achava estar ajudando a um casal “legítimo” e pediu a Carmen de volta ao descobrir que se tratava de um casal gay. O caso foi julgado pela Corte Central Juvenil e de Família em Bancoc, capital do país.

Apesar de a Tailândia não reconhecer uniões entre pessoas do mesmo sexo, o casal escolheu o país para a gestação da filha por causa das boa infraestrutura médica e a existência de um mercado estabelecido de gravidez por substituição para casal gays. No ano passado, uma lei proibiu a prática para estrangeiros, mas Carmen nasceu antes e não foi afetada pela medida.

Em entrevista ao “Guardian”, Lake afimou que mãe de aluguel “disse que pensava estar fazendo isso para uma família comum e quando descobriu que não se tratava de uma família comum ficou preocupada com o bem estar de Carmen”. Segundo ele, Patidta pediu inúmeras vezes que ele levasse a criança até ela.

Em entrevista à TV local no ano passado, Patidta foi entrevistada e alegou ter sentido inicialmente uma necessidade moral para ajudar um “casal legitimamente casado”. Diante dos tribunais, o advogado da mãe de aluguel mudou o discurso, negando que ela fosse homofóbica, mas que “nunca venderia seu bebê por dinheiro”.
Créditos: O Globo