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SEGUNDO TURNO: Atuação de robôs cresce na semana decisiva da disputa presidencial

Monitoramento on-line da Fundação Getúlio Vargas (FVG) mostra que, se houve retração das mensagens criadas por inteligência artificial no início do mês, desde a quinta-feira (11/10), elas foram impulsionadas

A menos de uma semana da votação do segundo turno, os robôs voltam a crescer nos debates políticos das redes sociais. Monitoramento on-line da Fundação Getúlio Vargas (FVG) mostra que, se houve retração das mensagens criadas por inteligência artificial no início do mês, desde a quinta-feira (11/10), elas foram impulsionadas. De sexta-feira a domingo, a movimentação se estabilizou, mas, nessa segunda-feira (22/10), as menções ao processo eleitoral geradas por bots retomaram fôlego. À 0h, eram 89; às 12h, 721, e, às 18h, 1.076.

Como ainda não foi feita a análise desses dados pela FVG-APP, é impossível dizer qual candidato recebeu mais menções de robôs. O relatório mais recente, referente ao período de 11 a 16 de outubro, identificou que 70,7% das publicações e dos compartilhamentos artificiais eram pró-Bolsonaro, com economia liderando os temas. Ontem, referências a esse assunto feitas por inteligência artificial caíram 0,05%, e à educação cresceram 0,25% em relação ao domingo.

Para o advogado especialista em direito eleitoral Ademar Costa Filho, o retorno dos robôs ao debate eleitoral pode ser uma tentativa de as campanhas evitarem fuga de votos. “Está havendo uma pressão por mudança de votos nos dois lados. Dentro dessa lógica, pode-se estar tentando segurar aqueles já garantidos”, diz. O professor da PUC-GO Marcos Marinho Queiroz, especializado em Marketing Político e Eleitoral pela Associação Brasileira de Consultores Políticos (ABCOP), também acredita que o bombardeio de informações, muitas vezes falsas, seja uma estratégia para o eleitor não mudar de lado.

O especialista ressalta que as publicações geradas por robôs têm grande potencial de influenciar o resultado das eleições. “Nós formamos nosso modo de julgar, pensar e agir a partir de fragmentos de informações recebidas em grupos como escola, igreja, casa e, agora, com o ambiente da web. É óbvio que o que se diz ali será incorporado ao senso comum. É um paradoxo que, antigamente, tínhamos fontes mínimas de informação. Agora que há uma infinidade de canais, as pessoas pararam de pesquisar, e as informações recebidas de ambientes não checados legitimam um discurso que não é posto em prova.” Queriroz também critica a postura do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no sentido de coibir os robôs. “Houve muita retórica, mas as ações nunca tomaram corpo.”

 

Fonte: Correio Braziliense
Créditos: Correio Braziliense