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Alckmin eleva tom contra Bolsonaro e aliados pedem mudança na campanha

O tucano disse que fará de tudo para evitar a vitória do deputado, que é capitão reformado do Exército

estagnação do candidato do PSDB à Presidência nas eleições 2018, Geraldo Alckmin, nas pesquisas de intenção de voto preocupa aliados, que começam a cobrar mudanças na campanha. Ao cumprir agenda nesta quarta-feira, 5, em Goiás, Estado onde enfrenta dificuldades para crescer, Alckmin assistiu à divisão dos partidos do Centrão – bloco que o apoia – e elevou o tom contra o adversário Jair Bolsonaro (PSL).

O tucano disse que fará de tudo para evitar a vitória do deputado, que é capitão reformado do Exército. “O Brasil retrocederia. Nós iríamos para o caos”, criticou o presidenciável, em Goiânia. “Em 28 anos como deputado, Bolsonaro não fez nada.”

Antes, a uma plateia de 158 prefeitos, Alckmin criticou a “brigalhada infernal” nas redes sociais e disse que se inspirava no ex-presidente Juscelino Kubitschek para pedir a pacificação. “Juscelino dizia que ia percorrer o Brasil de Norte a Sul, pregando a união nacional e deixando de lado os pesadelos do passado”, afirmou.

Apesar de ser do DEM – partido integrante do Centrão, que avaliza a candidatura de Alckmin – o senador Ronaldo Caiado não compareceu à reunião de Alckmin com os prefeitos nem acompanhou sua extensa agenda. Candidato ao governo de Goiás e líder nas pesquisas, Caiado foi contra o aval do bloco ao tucano. Ele é rival ferrenho do ex-governador Marconi Perillo (PSDB), que hoje concorre ao Senado e recentemente virou réu, acusado de receber vantagens indevidas da construtora Delta.

Caiado avisou à cúpula do DEM que não subirá no palanque de Alckmin e diz fazer uma campanha “solteira”, sem candidato a presidente. Nos bastidores, porém, seus seguidores pedem voto para Bolsonaro. Alckmin contemporizou a divergência. “O DEM é um grande partido e cada Estado tem sua realidade própria”, disse ele. “Não vamos nos importar com isso.”

Em Goiás, Bolsonaro aparece na frente em todos os levantamentos quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que está preso em Curitiba e teve a candidatura impugnada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), fica fora da disputa. Alckmin continua estacionado no Estado, com porcentuais que variam de 1% a 4% das preferências, segundo o Ibope.

“A estratégia da campanha do Geraldo está completamente errada”, afirmou o deputado Jovair Arantes (GO), líder do PTB na Câmara. “Dedicar o programa eleitoral na TV para atacar Bolsonaro é uma burrice. Agora é hora de ele chamar os eleitores à razão para tentar ir ao segundo turno, e não de querer desconstruir Bolsonaro ou mesmo o PT. Isso é para outro momento.”

Candidata a vice-governadora de Goiás pelo PSDB, a professora Raquel Teixeira também admitiu preocupação com o cenário eleitoral. Raquel disse que Alckmin não deve adotar tom agressivo como o de Bolsonaro. Argumentou, no entanto, que talvez falte “paixão” e “emoção” no discurso tucano.

“Assim como às vezes faço com o governador José Eliton (candidato a novo mandato pelo PSDB), dá vontade também de dar uma sacudida nele (Alckmin)”, afirmou Raquel. “É o futuro do País que está em jogo. Não podemos deixar o discurso de ódio vencer. As pessoas estão a fim de um fato novo e o fato novo está sendo movido pelo fundamentalismo, que nem ele (Alckmin) nem o Zé Eliton têm. Talvez seja preciso um pouco de emoção, mostrar mais paixão”, completou.

O prefeito de Anápolis, Roberto Naves (PTB), também reconheceu dificuldades nas fileiras do PSDB. “Mas acho que a campanha vai pegar rumo à medida que a propaganda eleitoral avançar e a candidatura de Lula for de fato retirada”, apostou Naves.

Ao visitar o Centro de Reabilitação Dr. Henrique Santillo, em Goiânia, Alckmin foi recebido com curiosidade pelos pacientes. “Não sei não, mas estou pensando em votar nele. Estou gostando das propostas que ele está apresentando”, disse o aposentado Antônio Martins Neto, que estava na sala de espera.

Fonte: Estadão
Créditos: Estadão