Perspectivas

Diretor-geral da OMC, diplomata brasileiro, Roberto Azevêdo afirma que coronavírus deixará 'cicatrizes' no mercado internacional

O diretor-geral da Organização Mundial de Comércio (OMC), o diplomata brasileiro Roberto Azevêdo, diz que a pandemia de coronavírus pode levar os países à "tentação" de buscar autossuficiência em setores considerados essenciais em um primeiro momento.

Brasília – Entrevista do Embaixador Roberto Azevêdo, após encontro com a presidente Dilma Rousseff, fala sobre carta de ratificação do acordo de facilitação do Comércio da OMC (Antonio Cruz/ Agência Brasil)

O diretor-geral da Organização Mundial de Comércio (OMC), o diplomata brasileiro Roberto Azevêdo, diz que a pandemia de coronavírus pode levar os países à “tentação” de buscar autossuficiência em setores considerados essenciais em um primeiro momento. Depois, no entanto, ele diz que a redução das trocas internacionais não será vista como uma boa resposta.

“A pandemia deixará suas cicatrizes. Num primeiro momento, pode haver a tentação de se fechar. Alguns governos poderão buscar a autossuficiência em setores considerados essenciais. Mas logo ficará claro que essa não é uma resposta sustentável, poderia expor a economia a novos choques de oferta e de preço”, disse, em entrevista à BBC News Brasil.

Devido à pandemia, a OMC prevê que o que o comércio mundial deve cair até 32% neste ano, dependendo da duração da pandemia e da efetividade das políticas adotadas. O órgão, que tem entre seus propósitos atuar como mediador em negociações comerciais multilaterais e resolver disputas comerciais internacionais, vem sofrendo com bloqueios de nomeações e ameaças de corte de verbas e abandono por parte de Washington.

Questionado sobre as críticas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Azevêdo respondeu que é “legítimo o desejo de que a organização evolua”. “Desde que assumi como diretor-geral, antes mesmo da administração Trump, tenho defendido reformas na OMC. Acho legítimo o desejo de que a organização evolua. Ela precisa ser mais ágil e responsiva às necessidades dos membros e às profundas transformações por que passa a economia global. Dito isso, vale lembrar que esse processo já está em curso.”

Azevêdo anunciou neste mês que deixará o cargo em 31 de agosto, quando completará sete anos no posto. A saída, no entanto, ocorrerá um ano antes da data prevista para o fim do segundo mandato do diplomata brasileiro como diretor-geral da OMC.

Fonte: BBC News
Créditos: BBC News