"Serviços não financeiros"

Bancos digitais se aproximam de super apps para atrair clientes

Bancos digitais se aproximam de super apps para atrair clientes

Na disputa por um lugar na primeira tela do celular de seus clientes, bancos digitais têm impulsionado a oferta de produtos e serviços não financeiros em suas plataformas. O objetivo é concentrar diversas soluções em um único lugar de maneira a fidelizar e atrair novos clientes.

A iniciativa, que acontece por meio de parcerias entre essas instituições financeiras e empresas de diferentes setores, se aproxima cada vez mais do conceito de um “super app” -aplicativo único que concentra vários tipos de serviços e produtos- e ganha força em meio ao crescente número de participantes no sistema financeiro brasileiro.Segundo Carlos Giovane, presidente do Digio (antigo banco CBSS, possui o Banco do Brasil e o Bradesco como acionistas), a maior parte dos brasileiros tem celulares mais simples, com baixa capacidade de memória e, por isso, o aplicativo precisa ser “leve” e versátil para não correr o risco de ser desinstalado do aparelho.

“Temos que ter uma boa percepção do consumidor e garantir que ele encontre o que precisa em uma plataforma leve, e possa economizar espaço na memória. Já implementamos diversas soluções como biometria, cartão de presente, recarga de celular, crédito para pedágio, entre outros. E a intenção é evoluir e trazer cada vez mais benefícios para os clientes. Esse é o diferencial”, afirmou.

As parcerias, nesse sentido, trazem desde promoções pontuais na compra de produtos e serviços até descontos fixos para os clientes fidelizados dos bancos digitais. Segundo o diretor do Next, banco digital do Bradesco, Jeferson Ricardo Garcia Honorato, a estratégia é trazer ofertas relevantes e personalizadas para os clientes, de maneira a tornar o aplicativo relevante para o uso do dia a dia.”

Nossa ambição é ser um ícone de primeira tela do cliente e estar entre os primeiros aplicativos que ele acessa ao acordar. E para que isso possa acontecer, não podemos ser apenas uma plataforma de serviços financeiros. Nosso trabalho é ser um controle remoto que orquestre toda a vida financeira do cliente e que também ofereça conexão com serviços não financeiros”, afirmou.Os resultados têm sido positivos.

Ainda de acordo com Honorato, 60% dos clientes do Next utilizam o banco digital como principal conta bancária. O volume de transações também dobrou no primeiro semestre deste ano em relação a igual período do ano passado, atingindo um crescimento de 105% segundo o executivo.”Se compararmos os seis primeiros meses deste ano com os mesmos meses de 2019, o volume de contas subiu 157%.

Parte dos números também se traduz pelo maior uso dos canais digitais impulsionado pela pandemia: na comparação do segundo trimestre com os três meses anteriores, de janeiro a março, a alta foi de 20%”, disse Honorato à Folha de S.Paulo.A atuação dos bancos digitais, no entanto, ainda está longe de se igualar ao WeChat, por exemplo, aplicativo chinês que começou a atuar como uma rede de troca de mensagens e atualmente, se tornou um dos principais sistemas multiplataformas utilizado no gigante asiático, permitindo pagar compras, chamar um táxi, pedir comida, entre outros.

Para o presidente do PagSeguro PagBank, Ricardo Dutra, a interoperabilidade entre sistemas que o Brasil apresenta deve facilitar e agilizar a adesão do país ao segmento de “super apps” e é tida como uma vantagem em relação à China.”Os brasileiros ainda estão se familiarizando aos super aplicativos e aprendendo a praticidade de utilizá-los. Mas vale lembrar que o mercado financeiro chinês é muito diferente do nosso.

A China não tinha um mercado de cartões tão desenvolvido quanto o nosso e, por isso, eles pularam direto do papel moeda para o celular”, afirmou.”Lá, os sistemas são fechados e não interoperam. No Brasil, o mercado de ‘super apps’ ainda está em desenvolvimento, mas o benefício de todos os sistemas se interconectarem é uma vantagem na adesão desse segmento e também possibilita que a escolha de como e por onde a transação será feita está cada vez mais nas mãos dos clientes. Uma coisa não substitui a outra, os sistemas são complementares”, disse Dutra.

Segundo o superintendente do banco digital do PAN, Pedro Henrique Poli Romero, a atuação com as parcerias é focada em facilitar a gestão financeira de seus clientes, que são majoritariamente das classes C, D e E.

“Estamos no caminho de ser uma plataforma única, mas nosso objetivo não é permitir que o cliente chame um táxi pelo nosso aplicativo, mas sim que tenha toda a gestão financeira de suas compras centralizada no nosso aplicativo. As parcerias trazem benefício, mas a educação financeira acaba sendo um ponto principal”, afirmou.

Fonte: Notícias ao Minuto
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