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MONUMENTO AMEAÇADO PELAS CHUVAS: Igreja centenária da Guia, em Lucena, corre risco de desmoronar; assista ao vídeo

Foto:  reprodução
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Paraíba - As fortes chuvas registradas nas últimas 24 horas na região metropolitana de João Pessoa provocaram diversos incidentes, incluindo o deslizamento de uma barreira ao lado da centenária Igreja da Guia, localizada na cidade de Lucena. O evento gerou alerta entre moradores e autoridades, que temem possíveis danos ao patrimônio histórico e à estrutura do templo.

A Igreja da Guia, dedicada a Nossa Senhora da Guia, possui grande relevância histórica. Registros indicam que, em 1591, os carmelitas fundaram uma capela primitiva na mesma colina onde hoje se encontra a igreja, com o objetivo de catequizar os índios. O local era estrategicamente escolhido, próximo à foz do Rio Paraíba, e oferecia visão direta do porto de Cabedelo e do Forte do Cabedelo, um ponto militar estratégico na época.

O atual templo começou a ser construído por volta de 1730, de acordo com as crônicas de Frei Lino do Monte Carmelo. A antiga igreja foi demolida em 1763, e poucos anos depois, a nova construção estava quase finalizada, sob a supervisão de Frei Manoel de Santa Tereza, natural de Recife. Apesar de inacabada — a parte superior da fachada e as torres não foram concluídas —, a igreja se destaca por seus elementos decorativos inteiramente talhados em pedra calcária, incluindo fachadas, molduras, portais e altares. O altar-mor, esculpido em pedra, é único entre as igrejas barrocas brasileiras.

Outro detalhe marcante da Igreja da Guia são as cinco arcadas frontais chamadas ‘galilé’, características das construções franciscanas nordestinas, aqui assimiladas pelos carmelitas. Ao longo dos séculos, o templo passou por períodos de abandono, especialmente após a saída dos carmelitas no século XIX, quando o convento foi demolido. Mais recentemente, a ordem retornou, assumindo novamente a condução das atividades religiosas no local.

Com o deslizamento registrado nesta semana, a preservação da igreja centenária se torna ainda mais urgente. Autoridades e a comunidade local acompanham a situação de perto, temendo que novos deslizamentos ou chuvas intensas comprometam a estrutura do templo, que é não apenas um patrimônio histórico, mas também um símbolo da tradição religiosa e cultural da região.