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Jovem baleado por policiais vai responder por desacato e corregedoria deve investigar caso

Rapaz sonha em ser jogador de futebol e foi atingido por tiros nas pernas. Família aponta despreparo dos policiais e Justiça determinou abertura de inquérito

O adolescente atingido por tiros durante abordagem policial em Campina Grande, na quarta-feira (21), irá responder por agressão, desacato e resistência à ação dos policiais, de acordo com a Polícia Civil. Os policiais envolvidos na abordagem também serão investigados em sindicância da Corregedoria da Polícia Civil, determinada pela Justiça.

A abordagem aconteceu na quarta-feira (21), no bairro de Três Irmãs, quando o rapaz de 14 anos foi até um borracheiro pedir ajuda para consertar o carro da família que estava com o pneu furado. No mesmo dia, policiais civis à paisana foram cumprir um mandado de prisão contra este borracheiro. O homem, alvo dos mandados de prisão, foi detido e encaminhado para ao presídio do Serrotão. Ele é suspeito de tráfico de drogas e receptação de produtos roubados.

O jovem, que é estudante e jogador de futebol, teria tentado entrar em uma casa e foi perseguido por um dos policiais. Segundo a 2ª Superintendência de Polícia Civil, policiais abordaram os dois homens, dando voz de prisão ao borracheiro, “certificando-o dos mandados de prisão em seu nome”.

A polícia informou, em nota, que o “segundo homem (o adolescente) saiu correndo pela rua e invadiu uma residência de terceiros, sendo, naturalmente, perseguido pelos policiais. Um dos policiais conseguiu alcançar o homem em fuga no quintal dessa residência, mas esse homem entrou em luta corporal com o agente de investigação, tentando tomar-lhe a arma e atentar contra a vida do policial”.

A nota da Polícia Civil também afirma que os tiros foram disparados pelo policial como uma forma de “conter o suspeito”, em seguida ele foi detido e socorrido para o hospital pela polícia. De acordo com o Hospital de Trauma de Campina Grande, ele já passou por cirurgia, está estável, mas não tem previsão de alta.

O rapaz foi atingido por seis tiros nas pernas, segundo o pai dele. José da Silva afirmou que o filho ficou com medo quando os homens desceram do carro armados e sem identificação, por isso correu. “Foi uma despreparo muito grande (dos policiais), eles chegaram atirando. É chocante, horrível, não só pelos tiros, mas também a forma que trataram meu filho, levaram ele como um animal morto no camburão”, contou o pai do adolescente.

O rapaz sonha com a carreira de jogador de futebol desde pequeno. Ele é zagueiro, treina em uma escolinha de futebol desde os 9 anos de idade e iria se apresentar ao time do CSA, em Alagoas. Segundo a família, ainda não se sabe como será a recuperação do jovem e se isso irá afetar a sua carreira, que mal começou. “Era pra ir esse ano [para Alagoas], ia em janeiro, mas a gente nem sabe como vai ser a recuperação dele. Tá na mão de Deus”, disse José.

Sindicância sobre abordagem policial

A Polícia Civil informou, através da assessoria, que os policiais envolvidos no caso foram ouvidos e os pais do adolescente também foram intimados para dar esclarecimentos – a família informou que até esta sexta-feira (23) não prestou nenhum depoimento. O procedimento sobre o caso já foi concluído pela Polícia Civil e encaminhado ao Ministério Público, que decidiu por representar criminalmente contra o adolescente pelas práticas de agressão, desacato e resistência à ação dos policiais.

Ainda segundo a polícia, foi determinado que o adolescente responda ao procedimento em liberdade, assim que receber alta médica do hospital. A Justiça também determinou a apuração dos fatos, pela Corregedoria da Polícia Civil, em relação à ação dos policiais no caso.

Na noite de quinta-feira (22), família e amigos se reuniram em frente ao Hospital de Trauma de Campina Grande em uma roda de oração e protesto. A família cobrou Justiça pelo que aconteceu com o jovem.

Fonte: G1 PB
Créditos: G1 PB