Conquista histórica

VOTO FEMININO: conheça a nordestina que desafiou a história e abriu caminho para milhões de brasileiras

Foto; Marcelo Júnior / Polêmica Paraíba
Foto; Marcelo Júnior / Polêmica Paraíba

Atualmente, as mulheres representam 52% do eleitorado brasileiro, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). São maioria nas urnas, mas essa conquista é recente, pois até menos de 100 anos atrás, elas sequer podiam votar. O direito de escolher seus representantes e de serem escolhidas só foi assegurado oficialmente em 1932. Isso aconteceu com a promulgação do Código Eleitoral pelo então presidente Getúlio Vargas.

Mas a semente dessa mudança foi plantada anos antes, no Nordeste do país.

O pioneirismo do Rio Grande do Norte

Em 1927, o estado do Rio Grande do Norte fez história ao aprovar a Lei Estadual 660, tornando-se o primeiro do Brasil a permitir o voto feminino, sem distinção de sexo. Foi nesse cenário que a professora Celina Guimarães Viana, moradora de Mossoró, se tornou a primeira mulher a se alistar como eleitora no Brasil. Um feito que a colocaria nos livros de história como símbolo de resistência e transformação.

Pouco tempo depois, outra potiguar também quebrou barreiras. Em 1928, o povo de Lajes elegeu Alzira Soriano como prefeita. Ela se tornou a primeira mulher eleita para um cargo público no Brasil e na América Latina.

Mais representatividade

O marco nacional veio em 1932, com o Código Eleitoral que garantiu às mulheres o direito ao voto e à elegibilidade. Na esteira dessa mudança, mulheres de diferentes regiões e origens começaram a ocupar cargos políticos. Em 1934, Antonieta de Barros, professora e jornalista negra de Santa Catarina, tornou-se a primeira mulher negra eleita deputada estadual no país. No mesmo ano, Carlota Pereira de Queirós foi a primeira deputada federal eleita, atuando na Assembleia Nacional Constituinte.

Carlota dividiu espaço com Bertha Lutz, uma das maiores líderes feministas do Brasil, fundadora da Liga para a Emancipação Intelectual da Mulher e da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino — organizações que foram decisivas para a conquista do sufrágio feminino.

Uma conquista que segue em construção

Quase um século após a vitória de Celina, Alzira e tantas outras pioneiras, o Brasil ainda caminha, aos poucos, para ampliar a participação feminina na política. Embora sejam maioria entre os eleitores, as mulheres ainda são minoria entre os eleitos. Nesse contexto, em tempos de discussão sobre paridade de gênero e igualdade de oportunidades, lembrar dessas histórias não é apenas uma celebração; pelo contrário, é também um chamado à continuidade da luta por representatividade.

A história do voto feminino no Brasil começa com uma nordestina — e continua com milhões de brasileiras dispostas a fazer valer sua voz nas urnas e na política.