VIVIA SOB GRITOS

Vivendo em situação de escravidão há 41 anos, idosa é resgatada por força-tarefa de casa onde vivia

Em 41 anos, ela nunca teve dinheiro para comprar um picolé”, revelou o fiscal do trabalho Alexandre Lyra, um dos integrantes da força-tarefa do governo federal responsáveis pela Operação Resgate, que confirmou duas das cinco denúncias de trabalho em situação análoga à escravidão no Rio de Janeiro.

Em 41 anos, ela nunca teve dinheiro para comprar um picolé”, revelou o fiscal do trabalho Alexandre Lyra, um dos integrantes da força-tarefa do governo federal responsáveis pela Operação Resgate, que confirmou duas das cinco denúncias de trabalho em situação análoga à escravidão no Rio de Janeiro. Ele se refere a uma senhora de 63 anos, empregada há 41 na casa de uma família no bairro da Abolição, zona norte da capital. Ela e outra senhora foram levadas para um abrigo da rede de assistência conveniada ao Ministério da Economia.

A fiscalização fez parte da Semana Nacional de Combate ao Trabalho Escravo. Só no ano passado foram 942 pessoas resgatadas em situação análoga à escravidão em todo o país. “A senhora resgatada na Abolição nos contou que ainda catava latinhas e ganhava R$ 5, R$ 6 ou R$ 7 por semana, mas o dinheiro ainda ficava com os patrões”, afirmou Lyra.

A mulher, que não teve a identidade revelada, dormia em um pequeno quarto, sem luz nos fundos da casa. Segundo Lyra, as senhoras resgatadas têm direito a indenização por tempo de serviço de R$ 104 mil e R$ 68 mil, que devem ser pagas em 10 dias pelos patrões.

E mais: um seguro-desemprego de um salário mínimo durante os próximos três meses. “A que resgatamos em Vila Isabel trabalhava para a família há 30 anos e ficava à disposição 24 horas”, completou Lyra.

Patrões sacaram auxílio emergencial
Integrantes da força-tarefa confirmaram que os patrões da senhora de 63 anos sacaram R$ 600 referentes à primeira parcela do auxílio emergencial dela. Em depoimento, a idosa declarou que entregou seus documentos à patroa, mas achava que não teria direito a receber o benefício porque sua carteira de identidade era muito velha.

Viviam sob gritos
O Ministério Público do Trabalho vai pedir à Justiça indenização para as vítimas compatível com o período em que elas viveram em situação análoga à escravidão.

“Essas senhoras são muito inocentes. Viviam sob gritos ouvidos pelos vizinhos. É preciso denunciar”, argumentou Lyra.

Denúncias sobre trabalho análogo à escravidão podem ser feitas pelo Disque 100, do governo federal, ou pelo site ipe.sit.trabalho.gov.br.

Fonte: POLÊMICA PARAÍBA
Créditos: METROPOLES