Esquema das “rachadinhas”

Viúva de Adriano da Nóbrega reclamou de falta de apoio do clã Bolsonaro, diz testemunha

Uma testemunha ouvida por promotores do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaecc) no caso do esquema das “rachadinhas”, que seriam comandadas pelo ex-PM Fabrício Queiroz no gabinete de Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), afirmou que Júlia Emília Mello Lotufo, viúva do miliciano Adriano da Nóbrega, reclamou em fevereiro deste ano de “não mais saber nem se teria o apoio de políticos que condecoraram o seu marido”. As informações são de Ricardo Brandt, no jornal O Estado de S.Paulo.

Chefe do Escritório do Crime, braço armado da milícia de Rio das Pedras que teria envolvimento no assassinato de Marielle Franco, Adriano foi homenageado com condecorações da Alerj, em 2003 e 2005, por indicação de Flávio Bolsonaro.

Também em 2005, o ex-capitão do Bope foi tema de um discurso de Jair Bolsonaro na Câmara, quando o atual presidente o chamou de “brilhante oficial”. O discurso de Bolsonaro ocorreu no dia 27 de outubro de 2005, quatro dias depois da condenação de Adriano a 19 anos e seis meses de prisão pela morte do guardador de carros Leandro dos Santos Silva, de 24 anos, na favela de Parada de Lucas, Zona Norte do Rio. Na época do crime, familiares apontaram que a vítima tinha denunciado PMs que praticavam extorsões a moradores na comunidade.

Queiroz e Adriano
A reportagem do Estadão, que teve acesso a parte do inquérito, ainda mostra uma troca de mensagens no dia 5 de dezembro do ano passado entre Márcia Aguiar, o marido, Queiroz, e a mãe de Adriano, Raimunda Magalhães, que teria participado do esquema das rachadinhas como assessora de Flávio Bolsonaro.

A troca de mensagens aconteceu no dia posterior em que Márcia e Raimunda encontraram Luiz Gustavo Botto Maia, advogado e ex-assessor de Flávio Bolsonaro.

Os investigadores entendem que o objetivo dos encontros, ocorridos em Minas Gerais e Rio, era repassar orientações jurídicas do “anjo”, o advogado Wassef que comandava a defesa de Flávio Bolsonaro à época e abrigava Queiroz em seu sítio em Atibaia.

 

Encontro entre o advogado Luis Gustavo Botto Maia, a esposa de Queiroz, Márcia Aguiar, e a mãe de Adriano Nóbrega (Foto: Reprodução)
“Cheguei em casa agora”, escreve Márcia Aguiar para o marido. Era 18h20. “Gustavo (Botto Maia) teve que ir direto para a cidade (…) Foi tranquila a viajem (sic).” Na sequência, às 18h22, a mulher de Queiroz manda outra mensagem, desta vez para a mãe do Capitão Adriano e pergunta: “Pessoal já pegou a estrada ?”. Raimunda Veras Magalhães responde: “Só amanhã”.

No mesmo dia 5 de dezembro, Adriano da Nóbrega deu entrada em uma mansão no litoral da Bahia, onde se refugiou antes de fugir para uma fazenda no interior do estado, onde foi morto em confronto com a polícia.

Fonte: Fórum
Créditos: –