
A venda de ivermectina no mercado farmacêutico explodiu na pandemia e cresceu 466% no acumulado de 2020 até novembro, na comparação com o mesmo período de 2019.
O dado é da IQVIA, uma das maiores consultorias de informações sobre saúde, e foi obtido pela coluna por indústrias do setor.
Sem eficácia comprovada por autoridades sanitárias para a prevenção de coronavírus, o antiparasitário é defendido por Jair Bolsonaro, que sugeriu o uso diversas vezes à população.
Balcão – Em 2020, a indústria comercializou 42,3 milhões de caixas do remédio, com pico em julho, que somou mais de 12 milhões. O medicamento integra o apelidado kit Covid, conjunto de produtos sem comprovação científica contra a doença, que inclui hidroxicloroquina e azitromicina.
Remedinho – A ivermectina foi liberada da retenção de receita em farmácia em setembro. O medicamento é usado por algumas pessoas numa lógica semelhante ao de vermífugos, a fim de evitar a contaminação. Muitos ingerem de 15 em 15 dias. A indicação do remédio é para tratamentos de piolho, sarna e infecções e problemas derivados de vermes.
Barato – Uma caixa do medicamento genérico com quatro comprimidos pode custar de R$ 17 a R$ 22, de acordo com consulta em drogarias realizada nesta quinta (7).
Piolho – “Não há estudo que mostre que ivermectina serve para além do tratamento de piolho”, diz Gonzalo Vecina Neto, professor da USP e fundador da Anvisa.
Piolho 2 – Para ele, o remédio gera uma falsa sensação de imunidade, já que da população doente, que é muito inferior à total, 80% é assintomática. “A chance de tomar e achar que funciona é grande. Além disso, há grupos de médicos que usam e recomendam.”
Plano – Via plano de saúde, o consumo dobrou. Segundo dados da health tech ePharma, o Sudeste foi a região com maior aumento (120%), respondendo por 72% das compras nacionais de janeiro a novembro de 2020. O Nordeste registrou alta de 104% e representa 10% do total.
Tarja vermelha – “Atualmente, o uso de ivermectina para o tratamento da Covid-19 não está indicado em sua bula e não foi aprovado pela agência reguladora brasileira”, diz a Abbott, uma das fabricantes no Brasil. EMS, Galderma, UCI Farma e Vitamedic estão entre as indústrias que produzem o fármaco.
ICMS e saúde – Nas discussões sobre o reajuste fiscal de São Paulo, a quinta (7) foi de queda de braço entre um grupo do governo que defende manter o benefício fiscal para genéricos e outro que prefere estender a isenção a remédios para câncer, HIV e doenças raras.
Fonte: Folha de S. Paulo
Créditos: Polêmica Paraíba