CHUVA NO AMAPÁ

Temporal mais intenso do ano causou alagamentos no Macapá

"Às vezes, quando chovia muito, mas não entrava muita água, agora alagou tudo. Tive que levantar o fogão, a geladeira, o bebedouro. A 1ª vez na vida. Eu sinto um desespero, porque a gente não tem dinheiro. Meu marido é desempregado e não posso trabalhar porque tenho problema na mão", disse a dona de casa.

 

A forte chuva que atingiu o Macapá neste domingo, 22, foi registrada como a  mais intensa de 2020 e os reflexos ainda podem ser vistos pela cidade. As enchentes ocorreram em meio à crise energética do estado e, para muitas famílias, a segunda-feira, 23,  foi dia de contabilizar e reparar os estragos provocados pelo temporal. Não há família desalojadas.

Mais de 70% das ocorrências da Defesa Civil foram de alagamentos. Na Rua 26 de Julho, no bairro Muca, a água invadiu muitas casas próximas a um canal. Uma delas foi a da idosa Maria Raimunda Miranda, que viu pela primeira vez a casa toda cheia d´água.

“Às vezes, quando chovia muito, mas não entrava muita água, agora alagou tudo. Tive que levantar o fogão, a geladeira, o bebedouro. A 1ª vez na vida. Eu sinto um desespero, porque a gente não tem dinheiro. Meu marido é desempregado e não posso trabalhar porque tenho problema na mão”, disse a dona de casa.

De acordo com a Defesa Civil da capital, foram cerca de 30 ocorrências de alagamentos em residências, mas sem famílias desalojadas ou desabrigadas. A maioria dos pontos críticos se concentrou próximo ao canal do bairro Beirol, na Zona Sul da capital.

Segundo o secretário de Obras de Macapá, David Covre, o transbordamento do canal aconteceu por causa do excesso de madeira na bacia do canal do bairro Pedrinhas. Ele informou que a prefeitura continua com o trabalho de desobstrução dos canais nesta segunda-feira.

“O canal do Beirol transbordou. Não era pra isso ter acontecido já que no momento da chuva nós tínhamos a maré baixa. Porém, identificamos uma obstrução no lançamento da bacia das Pedrinhas ocasionada por muita madeira acumulada e fez com que a água a montante ficasse mais alta que a jusante, causando o transbordamento do canal do Beirol e muitos alagamentos, infelizmente”, informou.

O Corpo de Bombeiros Militar (CBM) junto com a Defesa Civil fez o atendimento das chamadas de emergência e a orientação aos cidadãos, informou o coronel Wagner Coelho, Comandante Geral do CBM.

“Nesse tipo de ocorrência é de praxe a questão da saúde, porque vem a água e traz tudo que é tipo de situação insalubre; e segundo é o bem, que realmente vai ser danificado. Então se buscou com os próprios donos botar em um anteparo mais alto para não danificar o eletrodoméstico ou bem que a pessoa tinha”, explicou.

A manhã de segunda-feira da autônoma Socorro Rodrigues foi de limpeza da lama que invadiu a calçada e os cômodos da casa onde mora, também no bairro Muca. Ela não teve perdas de bens materiais, mas relatou o sufoco para salvar os eletrodomésticos.

“Alagou tudo. Cada vez é pior e é a gente [população] que sofre. A gente levantou a geladeira, o fogão… o que pode levantar, nós levantamos. Fazer o que, né? É um sofrimento. Só sabe quem passa”, contou.

De acordo com o Núcleo de Hidrometeorologia (NHMet) do Instituto de Pesquisas Cientificas e Tecnológicas do Estado do Amapá (Iepa), a previsão do tempo indicava que cairia 45 milímetros, principalmente na faixa central do estado.

“Essa chuva foi a mais intensa de todo o ano de 2020. Teve um acúmulo aproximado de 74 milímetros em menos de uma hora de chuva. E essas chuvas estão se estendendo por praticamente toda a faixa Sul, Central, Oeste e parte dos municípios do Norte do estado”, descreveu Jefferson Vilhena, coordenador do NHMet.

A quantidade de água que caiu no domingo foi quase metade do que já caiu no mês e a previsão é de mais chuvas ainda em novembro.

“A gente percebe que essas chuvas estão se intensificando e pode ser que ocorram mais intensas do que essa. Só neste mês de novembro, o acumulado de chuvas já passou os 150 milímetros, que chega a ser 3 vezes mais que o esperado para todo o mês”, destacou Vilhena.

Também foram registradas explosões em postes de energia no bairro Brasil Novo, na Zona Norte da capital. De acordo com a Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA), a ventania da tempestade provocou o curto-circuito na região.

Fonte: G1
Créditos: Polêmica Paraíba