Investigações

Promotoria aponta que médico planejou morte da esposa com chumbinho e mãe executou o crime

Um homem jovem está tirando uma selfie em uma academia. Ele tem cabelo escuro e usa uma camiseta azul. O fundo mostra equipamentos de musculação e outras pessoas treinando. O homem está usando um fone de ouvido.
O médico Luiz Antônio Garnica acusado de arquitetar plano com a mãe para matar a esposa - Arquivo pessoal
Um homem jovem está tirando uma selfie em uma academia. Ele tem cabelo escuro e usa uma camiseta azul. O fundo mostra equipamentos de musculação e outras pessoas treinando. O homem está usando um fone de ouvido. O médico Luiz Antônio Garnica acusado de arquitetar plano com a mãe para matar a esposa - Arquivo pessoal

O Ministério Público denunciou à Justiça o médico Luiz Antonio Garnica, 38, e mãe, Elizabete Arrabaça, 67, sob acusação de matar a mulher dele, a professora de pilates Larissa Talle Leôncio Rodrigues, 37, em Ribeirão Preto, interior de São Paulo.

Os dois estão presos desde 6 de maio. Segundo o promotor Marcus Túlio Nicolino, o médico planejou o crime, enquanto a mãe dele foi incumbida de executá-lo oferecendo à vítima alimentos com chumbinho.

Júlio Mossin, que defende o médico, afirma que ele é inocente. “O filho, inocente, está preso por culpa exclusiva da mãe”, disse à Folha em 19 de junho. Ele aponta motivação financeira para o crime. “A causa é patrimonial, em virtude de dívidas de Elizabete em bancos e vício em jogos.”

Bruno Correa Ribeiro, que defende Elizabete Arrabaça, disse que a cliente nega as acusações.

De acordo com as investigações, Larissa teria descoberto que o marido tinha uma amante e afirmado que procuraria um advogado para iniciar um processo de divórcio.

“Eu nem quis constar na denúncia porque é um fato distinto, mas ela já havia envenenado a própria filha. Ela já tinha esse antecedente, que na cabeça deles havia dado certo. Até então não haviam descoberto porque a Natalia [filha de Elizabete, que morreu em fevereiro] havia morrido, então usou-se o mesmo procedimento e foram em doses progressivas”, afirmou Nicolino em entrevista ao portal G1.

De acordo com o promotor, a sogra vinha envenenando Larissa ao longo de dez a 15 dias, mas na sexta-feira, 21 de março, teria aplicado dose maior porque Larissa afirmou que na segunda-feira seguinte procuraria um advogado.

Nicolino ressaltou que os denunciados demonstraram extrema frieza, utilizando meio cruel, recurso que dificultou a defesa da vítima e dissimulação. O médico ainda é acusado de tentar alterar a cena do crime e eliminar provas digitais e físicas, incluindo limpeza do local e exclusão de arquivos eletrônicos.

A Promotoria afirma que, após o assassinato, ele demonstrou pressa para acessar o dinheiro da esposa, chegando a realizar transações e pagamentos com o cartão e aplicativo dela.

Segundo o advogado do médico, porém, o plano inicial de Elizabete seria matar o próprio filho. “Só que, se ela tira a vida do Luiz, parte do patrimônio vai para Larissa, já que eles eram casados. Ao passo que, se ela tira a vida da Larissa, como ela fez, envenenando, sobra o filho, que voltaria a ajudá-la. O filho parou de ajudá-la financeiramente em dezembro de 2024”, afirmou Mossin.

Ao longo da investigação da morte de Larissa, o delegado responsável pelo caso, Fernando Bravo, desconfiou da morte de Nathalia e pediu a exumação do corpo dela. A análise foi realizada em 23 de maio.

Folha apurou que o laudo do exame apontou que a irmã de Luiz também morreu depois de ingerir chumbinho.

Mossin disse que Elizabete seria a única beneficiária de uma previdência privada deixada pela filha, que não era casada nem tinha herdeiros. A mãe herdaria metade dos bens dela.

O advogado disse ainda que Elizabete teria furtado dinheiro do médico e joias da filha Nathalia.

Bruno Correa Ribeiro, advogado de Elizabete Arrabaça, sustenta que a cliente é inocente.

“A senhora Elizabete não só nega ter qualquer participação nas mortes tanto da Larissa quanto da filha Nathalia, como nega totalmente qualquer furto feito a um numerário do filho e joias pertencentes à filha. Ela nega totalmente isso”, afirmou o advogado.

O defensor admitiu que a cliente enfrenta problemas financeiros. “No que diz respeito às dificuldades financeiras, realmente isso procede. Ela tem uma situação financeira com algumas dívidas em instituições bancárias. Ainda não temos nenhuma prova nesse sentido, mas os familiares acreditam que ela pode sim ter algum tipo de vício em jogos. Mas nada comprovado porque isso depende de quebra de sigilo bancário.”

Folha de São Paulo