Arquidiocese de Brasília

Polícia identifica suspeito de ameaçar bispo que impediu acampamento de grupo extremista

Apoiadores do presidente Bolsonaro montaram barracas junto à Catedral Metropolitana e foram retirados a pedido de dom Marcony Ferreira. G1 tenta contato com arquidiocese

A Polícia Civil informou, nesta terça-feira (30), que identificou o suspeito de ameaçar o bispo auxiliar de Brasília, dom Marcony Ferreira, após o religioso impedir o acampamento de um grupo extremista, de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), junto à Catedral Metropolitana.

Segundo o delegado Darbas Coutinho, o bispo não quis representar contra o suspeito e, por isso, as investigações serão interrompidas. O G1 tenta contato com a Arquidiocese de Brasília.

O caso ocorreu no dia 16 de junho, quando cerca de 15 pessoas montaram barracas em frente à Catedral de Brasília.

Ao conversar com representantes do acampamento, o bispo explicou não ser possível permanecer no local.

“Nesse momento, eles ficaram exaltados com a negativa. O clima ficou tenso”, afirmou Dom Marcony.

Além disso, uma das pessoas teria sido clara nas ameaças. De acordo com o bispo, o suspeito – que não teve a identidade divulgada – afirmou que o religioso “não sabia com quem estava falando” e disse: “nós vamos voltar”.

Depois disso, o bispo pediu proteção ao governo do DF, e a Esplanada dos Ministério chegou a ser fechada.
Segundo a investigação, o suspeito identificado “nega fazer parte de qualquer grupo”.

Sem aglomeração

No mesmo dia do ocorrido, a Polícia Militar disse aos manifestantes que eles que não poderiam fazer o acampamento, uma vez que a aglomeração de pessoas está proibida, por causa da pandemia do novo coronavírus.

À época, a arquidiocese divulgou uma nota que justificava o impedimento com base na “impossibilidade de acolher aglomerações”, como também para proteger a “integridade física da catedral”. Além disso, a Cúria destacou que a igreja representa um monumento tombado e é “um local de culto, que deve ser protegido contra qualquer ameaça”.

A Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) também se manifestou (leia acima). A instituição disse em nota que os “grupos não podem continuar a desfigurar a democracia brasileira, com ataques às instituições, à religião e a quem mais não compartilha com as suas visões de mundo. conviver com as diferenças é condição básica para a civilidade”.
Acampamento desmontado

Os acampamentos de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, na Esplanada dos Ministérios, foram desmontados no dia 12 de junho durante uma operação coordenada pela Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP) e o DF Legal, órgão de fiscalização na capital.

Imagens mostraram a corporação usando spray de pimenta contra militantes que ainda estavam no local. Segundo a PM, houve resistência por parte do grupo.

Em nota conjunta ao G1, o DF Legal e a SSP informaram que “os manifestantes ocupavam área pública, na Esplanada dos Ministérios, o que não é permitido”.

No dia 21 de junho, a Polícia Civil apreendeu fogos de artifício, anotações com planejamento de ações e discursos, cartazes, celulares e um cofre em uma chácara usada por três grupos de extremistas que também apoiam o presidente Bolsonaro. A propriedade fica na região de Arniqueira, a cerca de 20 quilômetros da Praça dos Três Poderes.

Segundo o delegado Leonardo Castro, responsável pelo cumprimento do mandado de busca e apreensão, a ação correu paralelamente ao inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF), que apura atos antidemocráticos.
Ainda segundo a investigação, há suspeita de que o local servia como base do grupo e seria usado para realização de treinamentos paramilitares.

Fonte: G1
Créditos: G1