
Uma nova tese aponta que o Brasil pode não ter sido descoberto em Porto Seguro, na Bahia, como aprendemos nos livros de história. De acordo com um estudo liderado pelo paraibano Cláudio Furtado — atual secretário de Ciência e Tecnologia da Paraíba — e pelo físico Carlos Chesman, a verdadeira chegada das caravelas portuguesas teria ocorrido na praia de Touros, no Rio Grande do Norte.
A pesquisa, desenvolvida a partir de um criterioso cruzamento de informações históricas e científicas, revisita a carta de Pero Vaz de Caminha, documento-chave do descobrimento. Utilizando cálculos de coordenadas geográficas, estudos sobre correntes marítimas, ventos e dados de localização, os doutores em Física constataram que seria fisicamente impossível a chegada de Pedro Álvares Cabral ao litoral sul da Bahia, como tradicionalmente se acreditava. Segundo os dados levantados em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), o local mais compatível com a descrição da carta seria mesmo o litoral norte potiguar, especificamente a praia de Touros. E o famoso “Monte Pascoal” avistado pelos portugueses? De acordo com os pesquisadores, tratava-se, na verdade, da Serra Verde, formação localizada naquela região.
A revelação ganhou destaque nacional justamente no dia 22 de abril, quando o Brasil celebrou mais um aniversário de seu “descobrimento”. O jornalista Alexandre Garcia, diretamente de Portugal, fez questão de destacar o estudo em sua tradicional crônica matinal. Em seu comentário, Garcia reconheceu a importância da revisão: “Foi o historiador que se enganou ao ver o mapa e achou que fosse lá (em Porto Seguro)”, disse, sugerindo: “Quem sabe não revemos a história para não começarmos por uma mentira por engano?”
Relevância da ciência na reinterpretação histórica
O trabalho de Cláudio Furtado reforça o papel fundamental da ciência na reinterpretação de narrativas históricas e ainda coloca a Paraíba em posição de destaque no cenário nacional, mostrando que revisitar o passado com base em dados concretos é essencial para a construção de uma história mais precisa.