SE SENTIU excluída

Pais de aluna negra vão à polícia após filha ser ocultada em foto da escola

Pais de uma menina negra, de apenas 10 anos, ficaram revoltados após a imagem da criança ter sido tampada em uma uma publicação do colégio onde estuda, em Jundiaí (SP). 

Pais de uma menina negra, de apenas 10 anos, ficaram revoltados após a imagem da criança ter sido tampada em uma uma publicação do colégio onde estuda, em Jundiaí (SP). “É muito triste ver uma filha passar por isso”, disse a mãe da garota, Elenita Ferrari. As informações são do Uol.

A fotografia foi feita pela escola, antes da pandemia de Covid-19. Em imagens que circulam pela internet é possível perceber que a garota, V.F.J, e três alunas brancas aparecem na foto. Porém uma montagem foi feita e a criança negra foi tampada com uma frase de Paulo Freire.

Após esse episódio, a mãe ligou para a coordenadora da escola e pediu a foto original, que foi repostada no lugar da que V.F.J. foi tampada.

A advogada da família, Silene Regatieiri, afirma que a postagem foi publicada no Instagram da escola e foi vista pela própria criança na sexta-feira (20/11), Dia da Consciência Negra. A garota teria ficado muito triste e dito aos pais que havia sido “excluída” pelo colégio.

Os pais da criança afirmam que estão tentando não demonstrar perto de V.F.J. que estão tristes, mas a menina passou a ter comportamento introvertido e tem medo de ficar sozinha.

A mãe desabafa: “É muito triste você ver uma filha passar por isso, principalmente em uma instituição na qual ela já está há algum tempo e que deveria protegê-la. Eu e o pai estamos tentando não demonstrar isso para ela. Mas ela está se sentindo insegura. Não quer ficar sozinha. Muito ao contrário da pessoa que era”.
A defesa da família também ressalta que o comportamento da menina, que era expansivo e extrovertido, deu lugar ao medo. A advogada diz que a criança tem medo de que a situação se repita e que ela esteja longe da família para ampará-la. “Por mais que falem em um padrão de edição, não tiveram o mínimo de sensibilidade e cuidado, como se a aluna fosse apenas mais um número. A ideia da escola é unificar, não dividir. O pior de tudo que fica são os danos psicológicos na criança”, afirma Silene Regatieiri.

Outro caso
A advogada afirmou ainda que já houve outro caso em que a criança foi exposta ao racismo dentro da instituição. Durante uma comemoração, a garota se fantasiou de Arlequina, personagem fictícia dos quadrinhos do Batman, e foi chamada de “macaca chita”.

“Os pais conversaram na escola e aparentemente o problema foi resolvido na época. O que afetou ela dessa vez é que foi uma publicação da escola, em uma rede social que todo mundo vê. Ela chegou a comentar na postagem que era ela na foto e que tinham coberto”, diz a advogada.
Silene Regatieiri ressalta que faltou sensibilidade por parte da instituição: “O discurso deles é que não têm responsabilidade, que é o padrão da escola colocar o quadro do lado direito, mas o que causa grande indignação é que a publicação foi feita no dia 20 de novembro e eles cobriram a única criança negra da foto”.

O que diz a escola
A instituição responsabiliza agência de publicidade. Em nota, o colégio alega que as acusações são “injuriosas”.

A escola disse ainda que a agência de publicidade contratada elaborou 41 postagens em pacote, sendo que em “praticamente todas” o lado escolhido para colocação da caixa de texto foi o direito.

A escola ressalta ainda que a escolha não foi “propositalmente por critério racial”, mas sim pelo posicionamento da caixa de textos nas fotos divulgadas na rede social.

“(O padrão sobrepõe) rostos de muitos outros alunos, em outras fotos, inclusive, alunos brancos, com o intuito de seguir padrão estético na diagramação da publicidade (já que as fotos seriam lidas em sequência)”, afirma a instituição.

“O colégio, ao longo de uma trajetória dedicada à inclusão social e à censura de toda e qualquer prática discriminatória, apoia decisivamente as ações visando coibir o racismo e a disseminação de propagandas de ódio e violência”, diz o comunicado.

 

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: METROPOLES