Aguardando

No teatro da vida, Paulo Guedes está esperando por Godot - Por Júnior Gurgel

Os comentaristas econômicos já não têm mais argumentos para ilustrarem os releases enviados pelas assessorias de imprensa do cartel dos banqueiros, que se assenhorearam da economia brasileiras definitivamente a partir do ano 2000, gestão do ex-presidente FHC.

Os comentaristas econômicos já não têm mais argumentos para ilustrarem os releases enviados pelas assessorias de imprensa do cartel dos banqueiros, que se assenhorearam da economia brasileiras definitivamente a partir do ano 2000, gestão do ex-presidente FHC. Algo ridículo, semelhante aos charlatões da cartomancia, que fazem previsões “futurologistas” sempre condicionando o “talvez”, quando são indagados sobre data e precisão dos acontecimentos. Conspiração macabra e perversa, contra toda uma população, literalmente ignorante sobre temas econômicos – a partir de sua classe política – manipulados pela mídia profissional.

Desde criança, ouvimos a velha história da chegada dos grandes capitalistas internacionais no Brasil, com as malas abarrotadas de dólares para impulsionar o nosso desenvolvimento, investindo no país mais rico do planeta em recursos minerais, assentado sobre a maior área de biodiversidade dos cinco continentes. Foi escutando este embuste, que o presidente Castelo Branco assinou seu primeiro Ato Institucional (nº 01), promulgado logo após sua posse em Abril de 1964, trazendo em seu bojo a revogação da lei setembro de 1962, que regulamentava e estabelecia em 10% o limite da remessa de lucro das multinacionais (incluindo Bancos) para a sede de seus países de origem. A lei vinha causando um prejuízo de bilhões de dólares aos Estados Unidos, que usando o sofisma de salvar o Brasil do comunismo, iniciou preparativos da operação “Brother San”: golpe ou quartelada para destituir o governo João Goulart.

De Delfim Neto a esquecida Maria da Conceição Tavares, passando por Mário Henrique Simonsen até os dias de Carlos Alberto Sardenberg, o “papo furado” é uma só: ajuste nas contas públicas, equilíbrio no déficit fiscal; desconfiança do investidor… Qual investidor? Não há registros de Bill Gates, do presidente da Amazon ou de Mark Zuckerberg mostrando interesse em investir no Brasil e impondo ao governo metas ou políticas econômicas exigidas por seus empreendimentos. Quem são estes investidores?

O que vimos ao longo de décadas foram “montadoras” vindo se instalarem no país, desfrutando de todo tipo de incentivo ou renuncia fiscal do próprio governo, que os economistas acusam de perdulários (?). GM, Ford; Fiat; Honda; Renault; Citroën; Mercedes Benz… Criaram uma grande guerra fiscal entre os Estados, que doavam terrenos com infraestrutura, renuncia fiscal de ISS ofertada pelo município e Estado (ICMS); União entrando com a contrapartida do Imposto de Renda e o dinheiro vindo daqui mesmo: BNDES. Estes são os investidores estrangeiros? Nosso próprio dinheiro?

Nas eleições de 2018, foram às urnas 58 milhões de brasileiros sufragar o nome do candidato à presidência, Jair Bolsonaro, que prometia acabar com a corrupção e a violência banalizada. Quando indagado sobre economia, respondia com sinceridade: ”de economia não entendo nada, mas, confio no Paulo Guedes”. Nós confiamos em Bolsonaro, que confia em Paulo Guedes, e em quem Paulo Gudes confia? Nos “investidores” internacionais? Se esta for à esperança do nosso ministro da economia, continuaremos a seu lado esperando Godot*.

Quais os “investidores” internacionais que soergueram a Alemanha, França; Itália e Japão no pós-guerra de 1945? Ou quantas empresas se instalaram em Twain, Coreia do Sul e China, na década dos anos 70? Nenhuma. Pelo contrário, a China dizimou o parque fabril e a cadeia produtiva do setor têxtil nos Estados Unidos, como está fazendo o mesmo agora com o Brasil. Nunca houve “investidores” internacionais. Correndo da carga tributária dos Estados Unidos, as empresas de Steve Jobs mudaram sua sede para Irlanda do Norte. O capital é apátrida, só prospera onde existe consumo (mercado) e garantia para expandir o crédito (Bancos ou tesouro de governos).

As lorotas da crônica econômica é dissimulação. Investidores do Brasil são os mesmos de todo o mundo, e só trabalha com dinheiro dos Bancos. Será que Paulo Guedes não sabe disto? Baixe a Selic para 1% a.a ponha o BNDES para emprestar a 3% a.a; convide os Bancos Japoneses – operando com taxas negativas – para instalarem-se no Brasil; extinga o COPOM e ponha o CADE para processar o cartel dos Bancos. Estas medidas são suficientes para estancar o ciclo recessivo instalado no país há duas décadas.

*Esperando Godot – Uma peça de teatro de autoria do dramaturgo Irlandês Samuel Beckett, considerada obra prima do “teatro do absurdo”. No Brasil, traduzida e dirigida pelo saudoso genial Flávio Rangel. O enredo é o diálogo de dois homens que estão próximo a uma árvore “esperando Godot”. Discutem sobre tudo – temas alhures – mas, não sabem quem é Godot. Chegam mais dois personagens, um surdo e um cego, que também ficam esperando Godot. A peça tem dois atos, no final de cada ato, aparece uma criança dizendo que Godot não virá. Talvez amanhã… No segundo e último ato mostra a árvores envelhecida, com suas folhas secas e caída, e nada de Godot aparecer.

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Júnior Gurgel