óleo no nordeste

Navio grego foi detido em abril nos EUA por problema em descarte de óleo

Apontado como o único suspeito pelo derramamento de óleo que atinge o Nordeste há mais de dois meses, o navio grego Bouboulina foi detido nos EUA no último dia 29 de abril por conta de problema no equipamento de filtragem de óleo.

O UOL teve acesso ao termo de detenção, que consta no processo que corre na Justiça Federal do Rio Grande do Norte de investigação do caso.

A detenção ocorreu por quatro dias e foi feita no porto da Filadélfia, no estado da Pensilvânia, pelo Marine Safety Detachment, da Guarda Costeira norte-americana.

No termo de ocorrência, os investigadores dos EUA alegam que o equipamento de filtragem deve garantir que “qualquer unidade oleosa seja descartada no mar após a passagem pelo sistema em um continente estrangeiro que não exceda o ISPPM [que é a medida de concentração de óleo permitida]”.

“Após a realização de um teste operacional do separador de água oleosa, o efluente processado não seria filtrado abaixo do ISPPM no medidor de conteúdo externo, a menos que a água doce fosse liberada novamente pelo sistema. O sistema foi executado pela equipe intermitentemente por mais de uma hora. A única vez em que o efluente da amostra do sistema registrou abaixo de 15 ppm foi quando a tripulação liberou o segundo estágio do separador de água oleosa com água doce”, aponta o texto oficial.

O professor do Departamento de Química da UFRPE (Universidade Federal Rural de Pernambuco) Alex Souza Moraes explica que a punição ocorreu por conta do excesso de óleo na água descartada.

“Aparentemente esse navio descartou um efluente com teor de óleo, mas abaixo dos limites legais que devem ser de 15 ppm, que é ‘parts per million’ [partes por milhão]. É uma unidade de concentração para medir o teor do óleo na água”, diz o professor.

Segundo a Marinha, o navio petroleiro é de propriedade da Delta Tankers. A embarcação atracou na Venezuela em 15 de julho de 2019, onde foi carregado no porto de José com 1 milhão de barris de petróleo cru.

De lá o navio zarpou para a África do Sul, passando próximo à costa do Nordeste. Foi nessa viagem que, entre os dias 28 e 29 de julho, houve um grande vazamento de óleo.

Segundo as imagens de satélite da empresa Hex, que produziu um relatório, atingiu 200 km de extensão, a uma distância 733,2 km a leste do estado da Paraíba. Não houve comunicação oficial sobre o incidente às autoridades marítimas, como manda a lei. A Marinha não conseguiu dados sobre a tripulação do navio.

Segundo a Marinha, a embarcação está há mais de dois anos sem atracar em portos brasileiros. A última vez ocorreu em Ilha Grande (RJ), em julho de 2016.

O UOL não conseguiu contato com a corporação. Mas à Reuters a empresa Delta Tankers, proprietária do navio Bouboulina, disse que não foi contatada pelas autoridades brasileiras. “Nem a Delta Tankers nem a embarcação foram contatadas pelas autoridades brasileiras em relação a essa investigação”, afirmou em nota.

Em sua página na internet, a empresa confirma que o navio investigado faz parte da frota da empresa. Também em sua página, a empresa afirma que “segurança é uma prioridade em todas as operações da Delta”. “A qualidade está intrinsecamente ligada à segurança e isso se reflete em todos os aspectos das atividades da Delta”, diz.

Fabricado em 2006, o navio suspeito tem 274 metros de extensão e capacidade bruta de carregamento de 84,8 mil toneladas.

Fonte: Uol
Créditos: Uol