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Mulheres caem em golpe da sedução; Vítima deu R$ 100 mil a nigerianos

Hábil com as palavras, sedutora e extremamente meticulosa, uma organização criminosa que atua em várias cidades brasileiras, formada por nigerianos situados em países africanos, tornou-se alvo de investigação da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). Os golpistas agem como “Don Juans” virtuais, flertando com mulheres financeiramente estáveis que buscam relacionamentos nas redes sociais.

Hábil com as palavras, sedutora e extremamente meticulosa, uma organização criminosa que atua em várias cidades brasileiras, formada por nigerianos situados em países africanos, tornou-se alvo de investigação da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). Os golpistas agem como “Don Juans” virtuais, flertando com mulheres financeiramente estáveis que buscam relacionamentos nas redes sociais.

Conduzida pela Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (DEAM), a apuração mapeou que, nos últimos dois anos, pelo menos 20 mulheres foram enganadas pelo bando e registraram ocorrência na especializada. Uma delas amargou prejuízo de R$ 100 mil, ao enviar remessas de dinheiro para fora do país, acreditando estar ajudando o “novo amor”.

O padrão é quase sempre o mesmo: os nigerianos criam perfis falsos em sites de relacionamento e, em praticamente 100% dos casos, usam fotos e vídeos de homens altos, loiros, de olhos azuis e que, supostamente, trabalham em ramos como aviação civil, engenharia, medicina, ou são militares americanos. Há, ainda, estelionatários que se passam por empresários de multinacionais.

Os nigerianos garimpam as vítimas até em sites de contatos profissionais, onde fica evidente a experiência profissional das mulheres e os cargos que ocupam. As abordagens, na maioria das vezes, ocorrem por e-mail. As conversas podem durar dias, semanas ou até meses. O carinho, a preocupação e a falsa dedicação encantam as vítimas. Depois do vínculo criado, os golpistas partem para o achaque.

Ouça os nigerianos enganando as vítimas:

Golpe de R$ 100 mil

O Metrópoles teve acesso a detalhes da investigação que traça o modus operandi da organização criminosa. Estabelecido um vínculo emocional com a vítima, os criminosos utilizam uma série de armas psicológicas para tentar arrancar o máximo de dinheiro.

Uma das mulheres seduzidas por integrantes do banco demorou para perceber a farsa e perdeu R$ 100 mil em um intervalo de apenas dois dias. A vítima, uma moradora do Plano Piloto, de 43 anos, foi procurada por um suposto engenheiro escocês que se dizia encantado por ela. Foram pelo menos dois meses de trocas de mensagens, sempre em inglês.

Os áudios românticos enviados pelo suposto engenheiro escocês deram lugar aos pedidos de dinheiro. O golpista garantia que a viagem para o Brasil estava próxima e seu desejo era casar-se com a brasiliense. Em nome do amor, ele enviaria uma caixa contendo presentes para a amada, mas seria necessário pegar uma série de taxas. No fim das contas, a vítima fez transferências bancárias nos valores de R$ 5 mil. Depois, mais R$ 28 mil e, num terceiro aporte, totalizou R$ 75 mil.

Falso piloto

A reportagem conversou com uma servidora quase se tornou vítima do grupo. Para ela, os nigerianos fingiam ser um piloto de avião nascido no Brasil, mas criado em Singapura. Ruivo e de olhos claros, o piloto realmente existe, mas teve suas fotos usadas indevidamente, para tentar enganar a brasileira de 41 anos.

Segundo ela, a conversa com o falso piloto começou por meio de um site de relacionamento. “Eles vão ganhando confiança para começar a pedir dinheiro depois. Justificam ser necessário pagar para liberar a entrega de suposta encomenda. Seriam joias, celulares e até dinheiro em espécie. Claro, essa encomenda nunca chega, pois é uma farsa. Não acreditei no criminoso, mas muitas pessoas caem nesse golpe”, disse a servidora pública.

Alerta da PCDF

No caso da servidora ouvida pelo Metrópoles, a demora na transferência dos valores deixou os nigerianos irritados. O bando chegou a usar uma transportadora de fachada para entrar em contato com as vítimas e simular a suposta entrega dos presentes. “Depois que percebi que era golpe, passei a enrolar os golpistas até que pudesse fazer a denúncia às autoridades. Depois que consegui, bloqueei todos eles”, explicou a mulher.

De acordo com a delegada-chefe da DEAM, Ana Carolina Litran, as investigações ainda estão em andamento, pois o número de golpes aplicado no DF é alto. “Eles exploram muito bem essa questão do envolvimento afetivo, da aproximação, do contato, mesmo que virtual, para enganar as vítimas. A pandemia provocada pela Covid-19 potencializou esses crimes”, analisou.

Outros casos estão sob apuração da especializada. Um deles resultou em cumprimento de mandado de busca e apreensão na cidade de São Paulo por equipes da Deam.

 

Fonte: Metrópoles
Créditos: Polêmica Paraíba