TRABALHO ESCRAVO

MPT quer publicação atualizada da Lista Suja do trabalho escravo

Ministério lançou paralelamente campanha nas redes sociais

Brazilian slave laborers walk back to their tent after a day of cutting
down forest on the Bom Jesus farm in the Amazon basin, some 1,600
kilometers north of Brasilia, where they have been illegally exploited
for the past six months, September 22, 2003. As teams of government
inspectors and federal police step up their quest to free an estimated
25,000 slave laborers, there is no doubt that Brazil's feudal slavery
traditions are still alive and well in pockets of its hardscrabble
northeast, more than a century after the practice was abolished.
REUTERS/Rickey Rogers PP03100003

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Brazilian slave laborers walk back to their tent after a day of cutting down forest on the Bom Jesus farm in the Amazon basin, some 1,600 kilometers north of Brasilia, where they have been illegally exploited for the past six months, September 22, 2003. As teams of government inspectors and federal police step up their quest to free an estimated 25,000 slave laborers, there is no doubt that Brazil's feudal slavery traditions are still alive and well in pockets of its hardscrabble northeast, more than a century after the practice was abolished. REUTERS/Rickey Rogers PP03100003 RR - RTR41KG

O Ministério Público do Trabalho (MPT) entrou, na última quarta-feira (25), com o pedido de execução da sentença que determinou ao Ministério do Trabalho a publicação atualizada do Cadastro de Empregadores flagrados com mão de obra análoga à de escravo, conhecido como lista suja. Na ação, é pedido também que o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, e a União paguem multa de R$ 320 mil pelo descumprimento judicial.

“Com essa ação o Ministério Público do Trabalho deseja que encerre a omissão da União e do ministro do Trabalho em publicar a lista suja atualizada. Referida omissão já dura mais de 30 dias. A falta de vontade política em publicar a lista atualizada é evidente, haja vista que a mídia já teve acesso ao documento”, explicou o vice-coordenador nacional de Erradicação do Trabalho Escravo (Conaete), procurador Maurício Ferreira Brito, que assina a ação com os procuradores Tiago Muniz Cavalcanti (coordenador nacional da Conaete) e Luís Paulo Villafañe Gomes Santos.

O pedido ocorreu após a decisão final da Justiça do Trabalho do Distrito Federal ter transitado em julgado em 27 de setembro deste ano. Com isso, o ministro do Trabalho – réu do processo com a União – não pode mais recorrer da determinação e teria que cumprir imediatamente a sentença do juiz titular da 11ª Vara do Trabalho de Brasília, Rubens Curado Silveira. O juiz foi o responsável por analisar e julgar a ação civil pública ajuizada pelo MPT. O ministro, no entanto, não cumpriu até hoje a decisão.

O MPT reforça ainda que a Portaria Interministerial dos Ministérios do Trabalho e dos Direitos Humanos nº 4, de 11 de maio de 2016, que se encontra em pleno vigor, em seu artigo 2º, § 5º, dispõe que “A atualização da lista poderá ocorrer a qualquer tempo, não podendo tal providência, entretanto, ocorrer em periodicidade superior a seis meses”. A última atualização da lista, no site do Ministério do Trabalho, foi feita no dia 23 de março de 2017. Ou seja, uma nova publicação era para ter sido realizada a partir do dia 24 de setembro.

Portaria é revogada

Na última terça-feira (24/10), a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa Weber concedeu liminar que suspende a portaria 1.129/2017 do Ministério do Trabalho, que altera o conceito de trabalho análogo ao escravo e dificulta a fiscalização. A decisão foi comemorada pelo MPT, que havia pedido a revogação do documento em conjunto com o Ministério Público Federal, no último dia 17.

MPT lança campanha nacional nas redes sociais

Condição degradante, jornada exaustiva, trabalho forçado e servidão por dívida, cada uma das características descritas no artigo 149 do Código Penal, “é trabalho escravo, sim!” – diz a campanha nacional lançada na última segunda-feira (23/10), nas redes sociais das unidades do MPT no Brasil. Com imagens que retratam essas situações consideradas como trabalho análogo ao escravo pela legislação atual, a campanha tem como objetivo sensibilizar e esclarecer à sociedade sobre a importância da revogação da portaria 1.129, que restringe o conceito de trabalho escravo.

Dados nacionais

O MPT possui 709 procedimentos sobre trabalho escravo, sob acompanhamento, no país. Desses, 71,3% envolvem condições degradantes, 14,8% são de jornada exaustiva, 10,1% servidão por dívida e 3,6% sobre trabalho forçado. Pelo teor da portaria, cerca de 90% dos casos de trabalho análogo ao escravo não seriam assim considerados.

Fonte: Wscom
Créditos: Redação wscom com assessoria