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Marinha e Ibama negam que mancha gigante sobre o mar na Bahia seja de óleo

Imagens de satélite captadas pelo Lapis (Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélite), da Universidade Federal de Alagoas, e pelo Instituto de Geociências da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), identificaram uma suposta mancha gigante de óleo em alto-mar em direção ao sul da Bahia. A informação divulgada por pesquisadores causou preocupação, mas, segundo a Marinha e o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis), não se trata de óleo.

As imagens recebidas foram fornecidas pelo satélite Sentinel-1A, da Agência Espacial Europeia. A captação ocorreu no dia 28 de outubro.

A Marinha informou em nota no início da tarde que não se trata de óleo. “Foram feitas quatro avaliações para confirmar: consulta aos especialistas da ITOF [Federação Internacional de Poluição por Petroleiros], monitoramento aéreo e por navios na região e por meio de satélite”, diz. “Segundo especialistas do ITOF, ela possui diversas características, podendo ser nuvem, fenômeno da ressurgência no mar etc.”, completa.

Imagens de satélite captadas pelo Lapis, da Universidade Federal de Alagoas; Marinha e Ibama dizem que não se trata de óleo - Divulgação/Lapis

O Ibama também negou a possibilidade. “A análise e contextualização denotam que, após observação da textura da feição, em conjunto à pesquisa multiespectral (radar e sensor ótico), além do devido estudo das condições meteorológicas locais, concluímos que a imagem não se trata de óleo, podendo ser uma célula meteorológica”, diz em parecer.

Imagens de satélite captadas pelo Instituto de Geociências da UFRJ - Divulgação/UFRJ

Como foi levantada a hipótese de vazamento

Segundo o responsável pela pesquisa e coordenador do Lapis, Humberto Barbosa, essa foi a primeira vez que um satélite flagrou uma faixa de óleo ainda não fragmentada. Em formato de meia-lua, a mancha teria 55 km de extensão e 6 km de largura. O local fica no sul da Bahia, nas proximidades dos municípios de Itamaraju e Prado.

Para Barbosa, as imagens podem sugerir que petróleo pode estar vazando do fundo do mar a uma distância de aproximadamente 54 km da costa na região da Bahia.

Durante as últimas três semanas, a equipe do Lapis pesquisou imagens retroativas desde maio em busca de alguma pista da origem do vazamento. De agosto para cá, manchas esparsas foram detectadas nessa mesma região —o que reforça a tese dele de que o local pode ser a origem do vazamento.

“O vazamento pode ter sido controlado e ele ter voltado a vazar. Não é algo conclusivo, pode inclusive ser vazamento no pré-sal”, diz.

Humberto Barbosa explica que o satélite passa pela área apenas a cada seis dias, o que necessitou de paciência para encontrar o local do vazamento. A confirmação da hipótese do vazamento, segundo Barbosa, foi possível graças informações sísmicas e de outras variáveis do local. Para isso, foi montado um verdadeiro quebra-cabeças.

Outros especialistas duvidam

A hipótese de vazamento pelo mar da Bahia, entretanto, não convence José Carlos Seoane, do Instituto de Geociências da UFRJ. Primeiramente, ele explica que é preciso a validação in loco de que a mancha é realmente óleo.

“Não tenho confirmação. A Marinha tem navios na área e estou esperando”, afirmou.

Sobre a chance de ser o local de vazamento, ele questiona. “Isso seria confirmado pela repetibilidade. A gente deve investigar todas as hipóteses, mas pessoalmente não acredito nela. Por quê? Quando existe um vazamento do fundo do mar, ele é persistente. Ou seja, pegaria a imagem do dia 22 estaria lá, do dia 25 estaria lá, e não isso que estamos vendo, essa imagem apareceu de repente”, afirma.

Ele também conta que “colegas da Petrobras já apuraram que se trata de óleo venezuelano”. Se é venezuelano, o que estaria fazendo no sul da Bahia?”, questiona.

Para o oceanógrafo da UFC (Universidade Federal do Ceará) Carlos Teixeira, caso o local de vazamento estivesse ao sul da Bahia, não haveria como o óleo chegar ao litoral norte do Nordeste.

“Não há a menor possibilidade de óleo com origem na costa do sudeste chegue aos estados mais ao norte. As correntes oceânicas nesta região se deslocam ao sul, sobre a plataforma elas podem até se deslocar para norte, mas não nesta época do ano e não há como trazer o óleo por exemplo para Rio Grande do Norte e Ceará”, diz.

Até o momento, segundo o Ibama, foi achado óleo em 282 praias da região, em 97 municípios.

Fonte: Uol
Créditos: Uol