Governistas construíram um acordo com a oposição na CPI do INSS que deve blindar Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de uma convocação em troca de estender o escopo de investigação da comissão para o período que abrange o governo de Dilma Rousseff.
O plano de trabalho proposto pelo comando do colegiado, que é de oposição, prevê que a linha do tempo da apuração comece em 2015, durante a gestão Dilma. Governistas resistiam à ideia, que foi aceita com uma condição: a votação de requerimentos em bloco na comissão só vai acontecer se houver consenso sobre todos os nomes analisados.
Com isso, a base avalia que vai evitar que o nome de Frei Chico apareça ao lado de outros alvos, o que faria com que uma possível convocação tivesse que ser submetida individualmente aos parlamentares, o que aumenta a margem de articulação do governo para derrotar o pleito.
Parlamentares da base afirmaram que esta foi a “grande vitória” dos aliados nesta terça-feira.
— Enquanto nós não tivermos certeza de que houve participação, não faremos convocações. Especialmente no âmbito político. Não há previsão de que esse senhor [Frei Chico], ou outros ligados ao governo anterior, seja convidado sem as devidas provas — afirmou o presidente da CPI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), após a sessão.
Frei Chico é vice-presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), citado em relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) sobre possíveis fraudes. Ele não é investigado, e o sindicato nega irregularidades.
O Planalto busca conter danos políticos após a oposição conquistar o comando da comissão. A presidência ficou com o senador Carlos Viana (Podemos-MG) e a relatoria com o deputado Alfredo Gaspar (União-AL), ambos críticos do governo.
Nos bastidores, parlamentares avaliam que o acordo reduz o espaço para desgastes envolvendo a família do presidente e permite que a comissão concentre esforços em investigações recentes, como os descontos irregulares em aposentadorias e pensões que já derrubaram o então ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT).
Apesar da limitação, a oposição mantém a ofensiva com uma pauta extensa: mais de 800 requerimentos já foram apresentados, incluindo convocações de ex-ministros de diferentes governos e antigos presidentes do INSS.
O Globo