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General que questiona eleições contratou empresa israelense que tem ex-chefe de TI do governo Bolsonaro como executivo

O general Héber Garcia Portella, comandante de Defesa Cibernética do Exército Brasileiro (ComDCiber), foi responsável pela assinatura de um acordo de cooperação com a empresa de cybersegurança israelense CySource, em março deste ano. Portella foi indicado pelas Forças Armadas, em setembro do ano passado, para participar de uma comissão criada pelo TSE para fiscalizar o processo eleitoral.

O general Héber Garcia Portella, comandante de Defesa Cibernética do Exército Brasileiro (ComDCiber), foi responsável pela assinatura de um acordo de cooperação com a empresa de cybersegurança israelense CySource, em março deste ano. Portella foi indicado pelas Forças Armadas, em setembro do ano passado, para participar de uma comissão criada pelo TSE para fiscalizar o processo eleitoral. No posto, ele tem insistido em apontar supostos riscos e fragilidades do sistema de votação brasileiro. A firma israelense contratada pelo setor de Portella no Exército tem como um de seus executivos o analista de sistemas Hélio Cabral Sant’ana, ex-diretor de Tecnologia da Informação da Secretaria-Geral da Presidência da República no governo de Jair Bolsonaro (PL).

No mesmo mês em que deixou o governo federal, em março deste ano, Sant’ana atuou como um dos representantes da CySource na celebração do termo cooperação da empresa com o Exército Brasileiro para capacitação de militares em defesa cibernética.

O acordo foi assinado presencialmente, em 25 de março, em Tel Aviv. O encontro reuniu o coronel Jaques Flório Simplício, adido de Defesa do Brasil em Israel, o embaixador brasileiro em Israel, Gerson Menandro Garcia de Freitas, e Shai Alfasi, executivo da CySource.

Até o momento, os detalhes do acordo de cooperação não são públicos. No Portal da Transparência, não consta nenhum documento relativo à negociação. A empresa também não aparece como fornecedora ou prestadora de serviços ao governo.

“Vamos capacitar o Exército Brasileiro com um leque completo de treinamentos, adequando todo conteúdo para atender as necessidades que foram sendo identificadas”, disse Sant’ana, em comunicado divulgado por ambas as partes após o encontro.

De acordo com a nota da empresa, entre os conceitos abordados na capacitação estão: análise de malware, fundamentos de rede, respostas a incidentes cibernéticos, red team, perícia forense digital e testes de intrusão a sistemas críticos.

Empresa israelense tem militares e bolsonarista

Além de ter chefiado as políticas de tecnologia da informação na Presidência da República durante o governo Bolsonaro, Hélio Cabral Sant’ana foi primeiro-tenente do Exército, de janeiro de 2009 a março de 2013. Para sair do Executivo e assumir o cargo na CySource, ele teve autorização da Comissão de Ética Pública da Presidência.

O ex-diretor de TI da Presidência não é o único representante da empresa com passagem pelas Forças Armadas. Assim como ele, o diretor global de vendas da CySource, Luiz Katzap, foi tenente do Exército de fevereiro de 2008 a agosto de 2016.

A CySource foi fundada por veteranos das forças de defesa militar de Israel. Após anos atuando com segurança cibernética para organizações militares, a empresa afirma contar com “a melhor plataforma de educação e treinamento em segurança cibernética baseada em Inteligência Artificial do mundo”.

O diretor executivo da CySource, Amir Bar-El, assim como os outros fundadores da empresa, tem experiência no setor de defesa israelense. Ele atuou nas unidades de inteligência do Mossad, serviço secreto de Israel. Depois, fez carreira na iniciativa privada.

“Ao longo dos últimos anos estabelecemos academias de segurança cibernética para diversas organizações militares e unidades de segurança em todo o mundo, o que nos permitiu consolidar conhecimento estratégico na defesa cibernética”, afirmou Bar-EI no comunicado da parceria com o Exército Brasileiro.

Empossado no cargo do Comando de Defesa Cibernética em maio de 2021, pelo então ministro da Defesa, Fernando Azevedo, Héber Garcia Portella já foi instrutor da Academia Militar das Agulhas Negras e da Academia de Guerra do Exército Chileno.

Portella ainda exerceu o cargo de Comandante do 28º Batalhão de Infantaria Leve em Campinas, São Paulo. Como general, foi chefe do Comando Militar do Nordeste (CMNE), sediado em Recife (PE).

Em 2020, como chefe de Recursos Humanos do Exército, fez uma visita aos Estados Unidos, onde se reuniu com o general de comando Joseph Calloway, que exercia cargo semelhante no Exército dos Estados Unidos.

“Após uma tradicional troca de presentes entre Calloway e o tenente-general Heber Garcia Portella, diretor da Diretoria de Gestão de Recursos Humanos do Exército Brasileiro, os dois líderes discutiram programas, políticas, gestão e desenvolvimento de soldados do Exército dos EUA, com foco no Processo de Alinhamento de Talentos do Exército”, diz um comunicado divulgado pelo Comando Sul do Exército dos EUA.

Outro lado

O Brasil de Fato acionou a assessoria de imprensa do Comando do Exército e os contatos oficiais da empresa CySource. Até o momento, nenhuma das partes acusou recebimento do pedido de posicionamento. O espaço segue aberto para manifestações.

Fonte: Brasil 247
Créditos: Polêmica Paraíba