Plano do governo

Estudo diz que abrir terras indígenas pode prejudicar Brasil

O plano do Governo do Presidente Jair Bolsonaro, de abrir terras indígenas na Amazônia à exploração mineira pode prejudicar a economia do Brasil, frisou hoje um estudo científico publicado na revista ‘One Earth’. Realizado por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade de São Paulo (USP), Universidade de Queensland (Austrália) e o Instituto Socioambiental, o estudo alerta que a proposta de Bolsonaro para atividades econômicas em terras reconhecidas como áreas indígenas na Amazônia terá um alto custo para o país.

“Os territórios indígenas do Brasil são incrivelmente valiosos em termos sociais, ecológicos e econômicos”, disse Juliana Siqueira Gay, da Universidade de Queensland, que faz parte do grupo de pesquisadores envolvidos no estudo.

Ela acrescentou que estas áreas de interesse dos mineradores “constituem uma categoria única de áreas protegidas que cobre 1,2 milhão de quilômetros quadrados, ou 23% do que é legalmente reconhecida como a Amazônia”.

Os pesquisadores, que trabalham no Brasil e na Austrália, fizeram cálculos sobre os dados existentes e reviram os locais potenciais para mineração, quantificando as ameaças que a mineração representa para as florestas e seus ecossistemas.

Segundo Juliana, o Governo “quer capitalizar esse valor promovendo a economia com a expansão da mineração”. Esta política, apresentada em fevereiro passado por Bolsonaro, porém, “pode acarretar perdas de milhares de dólares a cada ano”.

A perda sobre a qual os cientistas fizeram este estudo e outros alertas está relacionada principalmente com os efeitos da produção de borracha, madeira, castanhas e outros produtos amazônicos, sem contar no aumento dos danos ao ecossistema que mitiga emissões de gases que aquecem a atmosfera.

Esse conjunto de ativos ecológicos gera um lucro para o Brasil e “simplesmente não faz sentido financeiro destruir algo tão valioso”, frisou a pesquisadora.

Os números”, acrescentou, “são espantosos”: “É claro que grande parte da Amazônia está ameaçada por essa proposta, incluindo a conservação de ecossistemas extremamente raros e a incrível diversidade de grupos indígenas e suas culturas”.

Se os 4.600 depósitos de projetos de mineração conhecidos na Amazônia fora de reservas fossem abertos para exploração, cerca de 698.000 quilômetros quadrados de floresta seriam afetados.

“Mas, com a aprovação da proposta, a área afetada pode crescer 20%, para 863 mil quilômetros quadrados”, apontou Juliana.

Outra pesquisadora da Universidade de Queensland, Laura Sonter, que também colaborou no estudo, disse que se o Congresso brasileiro aprovar o projeto de lei enviado por Bolsonaro haverá uma cascata de efeitos negativos, tanto no país quanto no exterior.

“Essas terras abrigam 222 grupos indígenas, com mais de 644 mil famílias vivendo em comunidades tradicionais e falando 160 idiomas (…) Além dos custos econômicos para a nação, vidas serão alteradas para sempre nas comunidades indígenas e haverá impactos ambientais significativos”, concluiu.

Fonte: Notícias ao Minuto
Créditos: Polêmica Paraíba