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Especialistas apontam que Daniel Silveira tem personalidade narcisista

Um parlamentar truculento, sem respeito ao sistema democrático, ao país, à própria casa legislativa que frequenta, ao outro. Preso após divulgar vídeo com pesadas ofensas aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e com apologia ao AI-5, ato mais violento da repressão na ditadura militar, o deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) mostra que há algo muito errado não só com ele, mas com os próprios eleitores que o definiram como seu representante na Câmara Federal.

Um parlamentar truculento, sem respeito ao sistema democrático, ao país, à própria casa legislativa que frequenta, ao outro. Preso após divulgar vídeo com pesadas ofensas aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e com apologia ao AI-5, ato mais violento da repressão na ditadura militar, o deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) mostra que há algo muito errado não só com ele, mas com os próprios eleitores que o definiram como seu representante na Câmara Federal.

“Ele é um caso de claro transtorno de personalidade narcisista (apaixonado por si mesmo, arrogante). Tem uma necessidade enorme de ser admirado e um desrespeito muito grande ao sentimento dos outros, que não existem para ele”, avalia um psiquiatra clínico com 41 anos de carreira, que prefere não se identificar.

Cientista político e sociólogo da UFRJ, Paulo Baía diz que Daniel Silveira é um parlamentar que representa a brutalidade e a violência. “Ele foi eleito nessa onda de brutalidade, de desajuste com as instituições e com a normalidade de uma sociedade civilizada, que se pauta pelo respeito mútuo”, afirma. “É de um individualismo violento e fóbico (de aversão ao outro), que quer extirpar tudo aquilo que o outro representa”, acrescenta Baía.

Consultora política, Fernanda Galvão lembra do episódio em que o então candidato Daniel Silveira quebrou a placa da vereadora Marielle, brutalmente assassinada: “Esse episódio o fez entrar no radar das pessoas, deu mídia. A partir da eleição, o PSL rachou e ele se tornou um soldado da família Bolsonaro. Sempre manteve a fala agressiva, beligerante. Como candidato, sempre deixou isso claro, não é surpresa”. O que surpreende mesmo é o apoio de 31.789 eleitores, um batalhão de brasileiros que optou pela truculência e pelo desrespeito ao próprio voto.

Para um professor universitário de Psicologia, que também prefere o anonimato, as posições abjetas de Daniel Silveira refletem o meio em que vive: “É o que chamamos de condicionamento. As pessoas são condicionadas a pensar assim, a achar que, se a outra não pensa como ela, deve ser eliminada. É mais ou menos o pensamento que todo ditador tem, independentemente da origem”.

PSIQUIATRA CLÍNICO que prefere não se identificar

“Entendo que o Daniel Silveira é um caso de transtorno de personalidade narcisista. Ele tem toda a truculência ligada a um caso desses. Esse tipo de pessoa tem uma enorme necessidade de ser admirada, tem um desrespeito muito grande aos sentimentos dos outros, além de incapacidade de receber críticas. O outro não existe para ele, o narcisista só pensa nele. Essa pessoa tem também um senso de direito exponencial, uma coisa espetacular, militar, marcial. O senso de direito a coloca acima de todo mundo. No caso dele, quer fechar o Congresso, voltar com o AI-5. Fala o que muita gente pensa, mas não diz”.

PAULO BAÍA, cientista político e sociólogo da UFRJ

“O deputado Daniel Silveira é como parlamentar o representante da brutalidade, da violência. A trajetória de vida tão jovem de Daniel Silveira está vinculada diretamente a essa brutalidade e a essa violência. Antes de ser deputado, a sua atuação como policial militar no Estado do Rio de Janeiro era de desobediência, desajustada à ideia de hierarquia e disciplina na instituição, como comprova o seu prontuário. Foi eleito nessa onda de brutalidade, de desajuste com a normalidade de uma sociedade civilizada, que se pauta pelo respeito mútuo. É de um individualismo fóbico e violento, que quer extirpar tudo aquilo que o outro representa. O principal sintoma disso é a sua apresentação no Instituto Médico-Legal. Mesmo preso, ele afronta uma mulher com toda a sua verve bruta e violenta”

FERNANDA GALVÃO, consultora política

“O episódio da quebra da placa da Marielle na campanha de 2018 foi o que fez Daniel Silveira entrar no radar das pessoas, deu mídia. Não garantiu a eleição, mas o tornou conhecido. A partir da eleição, o PSL rachou e ele se tornou um soldado da família Bolsonaro, mantendo-se fiel ao que pregou durante todo o tempo. Ao contrário de outros, sempre manteve a fala agressiva e beligerante. Talvez tenha apostado num aumento do capital político, em ganhar com os violentos ataques ao STF o apoio do governo, dos eleitores e até de parte do próprio Legislativo. Para seguir em evidência, ele precisa se manter como pitbull. Mas há um preço a pagar pelo caráter extremista. Às vezes, se estica tanto a corda que ela arrebenta. Se for cassado, vai pagar um preço muito alto, mas ninguém pode ser surpreendido pelo comportamento dele. Como candidato, sempre deixou isso claro”.

PSICÓLOGO que prefere não se identificar

“O Daniel Silveira foi condicionado pelo ambiente em que foi criado. Ele tem posições abjetas, mas está apenas perpetuando algo do meio em que vive, no qual essas ideias se propagam. Essas mesmas ideias promovem esse tipo de pessoa. É o que chamamos em Psicologia de condicionamento. As pessoas são condicionadas a pensar assim, a achar que, se a outra não pensa como ela, deve ser eliminada. Se o STF não faz o que eu penso, então vamos fechar o STF. É mais ou menos o pensamento que todo ditador tem, independentemente da origem. Essas pessoas costumam ter o pensamento muito pequeno, posições idiotas de que é preciso fechar o Supremo, acabar com todos os direitos, numa ideia que cabe apenas em grupos fundamentalistas, que querem impor a posição deles para o restante da população”.

 

Fonte: Meia Hora
Créditos: Polêmica Paraíba