Homenagem

Escola decide apagar arte com rosto de Marielle Franco em muro após votação em conselho de pais, professores e alunos

Uma arte com a imagem da ex-vereadora carioca Marielle Franco (PSOL) feita no muro da Escola Estadual Vitor Antônio Trindade, em Araçatuba, interior de São Paulo, gerou polêmica entre internautas e moradores. Após repercussão negativa, o conselho escolar decidiu apagar a pintura na próxima terça-feira (24).
Segundo o G1 apurou, o mural foi feito na segunda semana de agosto e com autorização do conselho escolar, composto por pais, professores e alunos. Além da imagem da ex-vereadora, foi colocada a frase: “Quiseram nos enterrar, não sabiam que éramos sementes. Marielle Presente”.
No entanto, houve polêmica criada por moradores fora do ambiente escolar nas redes sociais. Alguns criticaram a pintura argumentando que se tratava de uma atitude partidária. Já outros elogiaram a arte, dizendo que a ex-vereadora exerceu papel fundamental na política.
Após a repercussão, o conselho se reuniu novamente e em uma votação foi decidido que a arte seria retirada.
O advogado Renan Salviano afirma que ficou sabendo da situação e protocolou um requerimento na Diretoria de Ensino, para tentar reverter a retirada do mural. Ele argumenta, no documento, que a decisão é manifestamente discriminatória, arbitrária e ilegal.
“A Diretoria de Ensino é hierarquicamente superior à escola. Esse requerimento é uma tentativa extrajudicial de tentar barrar a decisão do conselho. Primeiro fazemos a tentativa extrajudicial, demonstrando que não estamos contentes com a decisão”, explicou.Em nota, a Secretaria da Educação de São Paulo (SEDUC-SP) afirmou que a decisão pela pintura dos murais na Escola Estadual Vítor Antônio Trindade partiu da própria Comunidade Escolar e foi discutida em reunião de conselho.
“A pasta dá autonomia às unidades escolares para que realizem esse tipo de atividade artística nos muros das escolas”, argumentou a Secretaria da Educação de São Paulo em outro trecho da mesma nota.
O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) de Araçatuba publicou um texto nas redes sociais, demonstrando perplexidade diante dos ataques a história, a luta e ao legado de Marielle Franco.
“O PSOL Araçatuba não participou da construção do mural e tomamos ciência da homenagem através das nossas redes sociais, após várias manifestações de apoio da sociedade por conta da ação desenvolvida pela comunidade escolar. Nosso repúdio se faz necessário após diversos ataques vindos de grupos reacionários que insistem em atacar a imagem de Marielle e associam a homenagem há uma suposta politização da escola, defendendo inclusive a censura, através da remoção por meio de uma nova pintura no muro”, argumentou o partido, ao qual Marielle era filiada.

Marielle Franco foi morta a tiros dentro de um carro na Rua Joaquim Palhares, no bairro do Estácio, na Região Central do Rio, por volta das 21h30 do dia 14 de março.
Além de Marielle, o motorista do veículo, Anderson Pedro Gomes, também foi baleado e morreu. Uma outra passageira foi atingida por estilhaços. Marielle tinha 38 anos e se apresentava como “cria da Maré”. Ela foi a quinta vereadora mais votada do Rio nas eleições de 2016, com 46.502 votos em sua primeira disputa eleitoral.
Socióloga formada pela PUC-Rio e mestra em Administração Pública pela Universidade Federal Fluminense (UFF), teve dissertação de mestrado com o tema “UPP: a redução da favela a três letras”.
Trabalhou em organizações da sociedade civil como a Brasil Foundation e o Centro de Ações Solidárias da Maré (Ceasm). Coordenou a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), ao lado de Marcelo Freixo.

Fonte: G1
Créditos: Polêmica Paraíba