Submetida à tortura

Dilma recebe anistia e indenização de R$ 100 mil por perseguições na ditadura

Decisão reconhece prisão, tortura e violações de direitos sofridas pela ex-presidente. Comissão pede desculpas em nome do Estado brasileiro.

Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

Brasil — A Comissão de Anistia do Ministério dos Direitos Humanos declarou, nesta quinta-feira (22), a anistia política da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). A decisão reconhece oficialmente que Dilma foi vítima de perseguição, prisão e tortura durante o regime militar. Ela também receberá indenização de R$ 100 mil, paga em parcela única.

O processo, iniciado por Dilma em 2002, havia sido negado em 2022, no governo de Jair Bolsonaro. Com o novo parecer, os conselheiros anularam a decisão anterior e aprovaram o recurso apresentado por ela.

O que a Comissão reconheceu

Durante a sessão, o relator Rodrigo Lentz destacou os abusos sofridos por Dilma:

  • Monitoramento por mais de 20 anos
  • Expulsão da universidade
  • Prisão e tortura em três estados (SP, RJ e MG)
  • Cassação de direitos políticos por dez anos

“Oficializamos, em nome do Estado brasileiro, um pedido de desculpas pela perseguição sofrida”, afirmou Lentz.

Ficha de Dilma Roussef na polícia durante a ditadura (com a grafia do sobrenome errada). Reprodução: R7 / Relatório da Comissão da Verdade em Minas Gerais (Covemg)

Na juventude, Dilma participou de organizações de esquerda como Política Operária (Polop), Colina e Var-Palmares. Em 1970, foi presa por “subversão” e condenada a seis anos de prisão pela Justiça Militar.

Durante o cárcere, passou por sessões de tortura física e psicológica. Em depoimento citado na sessão, ela relatou:

“Fiquei presa três anos. As marcas da tortura fazem parte de mim.”

Ao final da votação, a presidente da Comissão, Ana Maria Lima de Oliveira, declarou:

“Dilma Vana Rousseff está oficialmente anistiada. Em nome do Estado brasileiro, pedimos desculpas por todas as atrocidades causadas.”

Apenas um conselheiro divergiu, ao questionar a extensão de indenizações em âmbitos estaduais.