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CPI DA COVID: equipe levanta mais de 200 falas negacionistas de Jair Bolsonaro

A equipe da CPI da Covid que auxilia o relator da comissão, senador Renan Calheiros (MDB-AL), fez uma cronologia e já levantou mais de 200 momentos em que Jair Bolsonaro (sem partido) propagou discurso negacionista na pandemia de janeiro de 2020 ao mesmo mês deste ano.

A equipe da CPI da Covid que auxilia o relator da comissão, senador Renan Calheiros (MDB-AL), fez uma cronologia e já levantou mais de 200 momentos em que Jair Bolsonaro (sem partido) propagou discurso negacionista na pandemia de janeiro de 2020 ao mesmo mês deste ano.

O compilado, obtido pela Folha, inclui frases do presidente em que ele critica o isolamento social, propagandeia o uso da hidroxicloroquina contra a Covid-19 e minimiza o coronavírus, chegando a chamá-lo de “gripezinha”.

O discurso do mandatário será um dos alvos de investigação da CPI. O objetivo é usar declarações e ações para eventualmente imputar crimes ao presidente ao fim dos trabalhos. Advogados avaliam que há ao menos quatro que podem ser atribuídos aos discursos.

O plano de trabalho apresentado na quinta-feira (29) por Renan elenca seis linhas de investigações que serão conduzidas pelos membros da comissão, sendo a primeira delas as ações do governo no enfrentamento da pandemia.

O tópico tem potencial para atingir o governo Jair Bolsonaro, já que trata das medidas consideradas mais polêmicas por envolverem discursos negacionistas.

A comissão vai investigar, por exemplo, as medidas tomadas para promover o isolamento social –do qual o presidente é crítico– e para a aquisição e distribuição de vacinas e insumos, que tardaram a serem comprados e entregues no Brasil.

Senadores querem entender se Bolsonaro deliberadamente agiu para que o vírus circulasse no país na tentativa de provocar a imunidade de rebanho. Os dados serão explorados nos depoimentos —na semana que vem, três ex-ministros da Saúde serão ouvidos (Luiz Henrique Mandetta, Nelson Teich e Eduardo Pazuello), assim como o atual, Marcelo Queiroga.

A primeira declaração de Bolsonaro sobre a pandemia identificada no levantamento da CPI tem data de 26 de janeiro de 2020. A OMS (Organização Mundial de Saúde) ainda não havia decretado a pandemia, mas já alertava os países para os perigos da disseminação do vírus.

“Estamos preocupados, obviamente, mas não é uma situação alarmante”, disse o presidente naquele dia.

O primeiro caso de coronavírus no Brasil foi registrado em 27 de fevereiro. Dias depois, em 9 de março, Bolsonaro voltou a minimizar os efeitos do coronavírus: “Tem a questão do coronavírus também que, no meu entender, está superdimensionado, o poder destruidor desse vírus”.

No final de fevereiro, Bolsonaro chegou a enviar vídeos a aliados e convocou a população a participar de protestos em favor de seu governo.

Alertado sobre os perigos de provocar aglomerações, o presidente ainda ensaiou uma moderação do tom depois da pressão de aliados e disse, num pronunciamento em cadeia de rádio e TV, que os atos, embora “legítimos”, deveriam ser repensados em razão da pandemia.

As manifestações, porém, ocorreram e Bolsonaro saiu do isolamento e foi à frente do Palácio do Planalto cumprimentar apoiadores.

Fonte: POLÊMICA PARAÍBA
Créditos: folha