Fatalidade

Corpo de Juliana Marins chega ao Brasil seis dias após ser resgatado na Indonésia; nova autópsia será realizada no Rio

Corpo de Juliana Marins chega ao Brasil seis dias após ser resgatado na Indonésia; nova autópsia será realizada no Rio

O corpo da publicitária Juliana Marins chegou ao Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, no fim da tarde desta terça-feira (1º), seis dias após ser resgatado do Monte Rinjani, na Indonésia.

A urna funerária seguirá ainda hoje para o Rio de Janeiro, com previsão de chegada às 18h30, onde passará por nova autópsia a pedido da família.

A Defensoria Pública da União (DPU) solicitou que o exame seja realizado em até seis horas após o desembarque, no Instituto Médico Legal Afrânio Peixoto, com traslado sob escolta da Polícia Federal ou da Polícia Civil.

A nova perícia poderá embasar uma eventual investigação internacional sobre as circunstâncias da morte da brasileira, segundo a defensora regional de direitos humanos no Rio de Janeiro, Taísa Bittencourt.

“Já pedimos a instauração de um inquérito policial na Polícia Federal para apurar esse eventual cometimento de crime de omissão no abandono da vítima”, afirmou Taísa à Folha.

Apesar da deterioração do corpo, que pode dificultar a obtenção de informações conclusivas, a família deseja que a nova autópsia seja conduzida conforme os protocolos e as leis brasileiras.

A decisão foi confirmada nesta segunda-feira (30) pelo governo federal, e a Advocacia-Geral da União (AGU) pediu uma audiência emergencial com a DPU e o estado do Rio para definir os detalhes do procedimento.

O caso Juliana Marins

Juliana escorregou durante uma trilha no Monte Rinjani no sábado (20/06) enquanto subia uma das montanhas mais visitadas da Indonésia, com 3.726 metros de altitude.

Ela teria sido deixada sozinha para descansar pelo guia, momento em que se afastou da trilha principal.

Turistas registraram Juliana ainda com vida no mesmo dia, sentada em um trecho íngreme e pedregoso, a cerca de 200 metros da trilha. Novas imagens captadas por drones nos dias seguintes sugerem que ela tenha sofrido uma segunda queda, deslocando-se para uma área mais baixa e plana, a cerca de 650 metros da trilha.

A localização exata variou ao longo dos dias, indicando possível deslocamento do corpo, voluntário ou não.

Ela só foi encontrada na segunda-feira (23), com auxílio de um drone térmico. No dia seguinte, quando as equipes de resgate conseguiram chegar ao local, encontraram Juliana morta. e o resgate do corpo só foi concluído na quarta-feira (25).

O médico legista responsável pela primeira autópsia indicou múltiplas fraturas e hemorragia interna como causa da morte. Estima-se que Juliana tenha sobrevivido por até quatro dias após a primeira queda.

Durante a trilha, Juliana tropeçou, escorregou e caiu a uma distância de cerca de 300 metros.

Investigação na Indonésia

Autoridades da Indonésia informaram ter iniciado uma apuração e ouvido quatro testemunhas, incluindo o guia da brasileira, Ali Musthofa. Também foram interrogados um organizador de trekking, um carregador e um policial florestal.

O local do acidente foi vistoriado por investigadores em conjunto com representantes do Parque Nacional Rinjani e membros da Embaixada do Brasil.

A polícia da ilha de Lombok, onde fica o vulcão, tenta esclarecer se houve negligência no atendimento à turista brasileira.

A família de Juliana acusa o guia e os responsáveis pela trilha de omissão e promete lutar por justiça.

Críticas ao resgate

A família e montanhistas brasileiros criticaram a demora no resgate e a falta de estrutura no local.

Especialistas apontam que a Indonésia, país com recursos limitados, não possui equipes de resgate permanentes no Parque Nacional Rinjani como acontece no Brasil.

Em casos como o de Juliana, socorristas e voluntários precisam ser mobilizados do zero, o que pode levar dias.

O caso segue comovendo o país e mobilizando esforços das autoridades brasileiras para garantir uma apuração rigorosa sobre as circunstâncias da morte da turista.