condenado

Centro de João de Deus tenta manter-se vivo, após denúncias de estupro

Metade dos dias da semana de Jardel Antônio Wagner, um gaúcho de 40 anos que vive em Abadiânia (GO), é dedicada aos trabalhos na Casa de Dom Inácio de Loyola, fundada por João Teixeira de Faria, o João de Deus, condenado a mais de 60 anos de prisão por crimes sexuais e que há um ano cumpre pena em prisão domiciliar.

Metade dos dias da semana de Jardel Antônio Wagner, um gaúcho de 40 anos que vive em Abadiânia (GO), é dedicada aos trabalhos na Casa de Dom Inácio de Loyola, fundada por João Teixeira de Faria, o João de Deus, condenado a mais de 60 anos de prisão por crimes sexuais e que há um ano cumpre pena em prisão domiciliar.

Após o escândalo sexual, e somados os efeitos da pandemia da Covid-19, o público, que chegou a ser de 3 mil pessoas por dia, é, hoje, de apenas 50. “Vem ainda quem tem fé”, diz Jardel, um dos 10 voluntários que restaram de um grupo que já teve quase 60 integrantes.

Antes da prisão de João de Deus, o comum, nas manhãs de quarta-feira, era presenciar a Avenida Frontal, que dá acesso à casa, tomada por carros e pessoas vestidas de branco a caminho dos atendimentos. Às 7h30 da última quarta (14/4), o Metrópoles esteve na cidade e presenciou o extremo oposto.

Cerca de 95% das pousadas estão fechadas. O estacionamento que fica em frente à Casa de Dom Inácio estava vazio, sem nenhum veículo. O movimento nas ruas é restrito aos poucos estrangeiros que ou moram ou estão de passagem. Um cenário que “parece filme de faroeste”, descreve Jardel.

Enquanto a realidade em Abadiânia é completamente diferente do que já foi outrora, o médium segue afastado das atividades na casa que fundou. Distante cerca de 30 quilômetros dali, ele segue em prisão domiciliar em Anápolis. Mês passado, inclusive, fez um ano que ele usa uma tornozeleira eletrônica.

Coincidentemente, próximo à data de um ano de uso do dispositivo eletrônico, o Ministério Público de Goiás (MPGO) recebeu novas denúncias de abusos que teriam sido cometidos por João de Deus. As denunciantes são duas mulheres, uma de Minas Gerais e outra de São Paulo.

Melancólico

Este talvez seja o momento mais melancólico vivenciado pela Casa de Dom Inácio em termos da presença do público. Imediatamente após a repercussão do caso, em 2019, houve uma redução brusca, mas a quantidade de pessoas ainda girava na casa das centenas (em torno de 400 por dia).

A procura existe, interessados ligam para saber como está, se está funcionando, mas a pandemia, na avaliação de Jardel, tem dificultado as viagens e refletido, automaticamente, nos estabelecimentos que ficam no entorno e que foram abertos durante o auge da Casa de Dom Inácio.

“Todo mundo foi embora”, afirma ele, que é responsável, dentre outras coisas, por chegar às 6h30 nos dias de atendimento (de quarta a sexta-feira), abrir as salas, preparar o espaço das entidades, esperar a conclusão dos trabalhos e fechar as portas a cada fim de turno.

 

Fonte: Metrópoles
Créditos: Polêmica Paraíba