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Carreata em marcha a ré une arte e protesto contra Bolsonaro - VEJA VÍDEO

Vestidos com roupas brancas de laboratório, botas, máscaras e escudos faciais, eles guiavam motoristas concentrados e de expressão preocupada.

Um protesto inusitado na noite da última terça-feira (04) na avenida Paulista, no centro de São Paulo, chamou atenção da população para o negacionismo do governo Bolsonaro em relação à covid-19. Durante o ato, motoristas andaram de marcha ré para mostrar que são contrários aos atos bolsonaristas que negam a pandemia.

Vestidos com roupas brancas de laboratório, botas, máscaras e escudos faciais, eles guiavam motoristas concentrados e de expressão preocupada. Além de dirigir no sentido contrário, era preciso coordenação para não bater no carro da frente ou no de trás.

Dois carros funerários encabeçavam as pontas deste cortejo fúnebre chamado “Marcha a Ré”, um misto de performance e protesto criado por Ramos com o Teatro da Vertigem, que vai virar um curta-metragem pelas lentes do cineasta Eryk Rocha a ser exibido na Bienal de Berlim deste ano.

A ideia do evento era “usar a linguagem bolsonarista, mas às avessas”, afirma Ramos. A produção se valeu de elementos de apoiadores do presidente, como as carreatas contra o isolamento social durante a pandemia e o hino nacional, para criticar um país que vive “a nacionalidade do pesadelo, com tudo andando em marcha ré”, completa.

Na chegada da carreata ao cemitério, um trompetista tocou o hino nacional ao contrário, se apresentando em cima do pórtico da entrada após uma bandeira com a ilustração do rosto de uma mulher em agonia ser estendida de cima a baixo.
A imagem é parte do conjunto “A série trágica – Minha mãe morrendo”, do artista Flávio de Carvalho (1899 – 1973), que registrou em carvão sobre papel os últimos momentos de vida de sua mãe, levada pelo câncer.

A poucos dias de o país bater os 100 mil mortos de Covid-19, a performance é uma forma de prestar uma homenagem e de fazer o luto das vidas perdidas, afirma Araújo. “O foco é a Covid, mas na verdade a ação do governo como um todo, em relação a todas as outras mortes, na arte, na cultura, na educação, a destruição ambiental.”

Confira o vídeo:

 

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: com Catraca Livre